Mãe de 4 tem bebê com microcefalia e reclama de dificuldades no tratamento

O quinto filho da dona de casa Loide Lene de Amorim, que mora em Cuiabá, nasceu com microcefalia. Ela descobriu que o bebê, hoje com 2 meses, tinha malformação no cérebro durante a 34ª semana de gestação. Benjamin passou um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Hospital Universitário de Cuiabá (HGU), após o nascimento. Os outros filhos dela têm entre 4 e 9 anos.

Prestes a completar três meses, ele ainda não foi consultado por um neurologista. Loide, que tem 26 anos, só conseguiu vaga para este mês de março, mesmo com o Plano Nacional de Enfrentamento à Doença, que prioriza o atendimento desses casos. "Foi para a Central de Regulação, sendo que a moça do Ministério da Saúde falou que eles não iriam enfrentar fila, mas não é isso que está acontecendo", reclamou.

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A gravidez foi descoberta no 3º mês de gestação e na 11ª ela ficou doente. "Com 11 semanas [de gravidez], tive zika, fui à policlínica do Coxipó e a atendente me disse que não era zika e que eles não tinham recebido treinamento para tratar a doença".

Quase ao final da gravidez, um exame de ultrasson identificou que o bebê tinha uma malformação no cérebro. E, no 7º mês de gestação, houve a confirmação de microcefalia.

Benjamin ainda nasceu com uma luxação congênita na perna direita, mas a mãe não encontrou um especialista para atendê-lo. Também não consegue marcar exames. "Falaram para mim que não tem ortopedista para ele em Cuiabá. Ele está fazendo acompanhamento, mas não com ortopedista para criança, mas de adultos", afirmou.

O caso dele é um dos 177 casos de microcefalia notificados no estado. Todos, no entanto, ainda estão sob investigação. Foram confirmadas até agora quatro mortes de bebês com a malformação. A cidade com maior número de casos é Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.

No município, foram montados dois ambulatórios, um para atender os bebês com microcefalia e outro para atender as mães. "Para nós é mais fácil, porque fica tudo concentrado num lugar só, que é a Santa Casa. Assim que nascem, eles fazem os primeiros exames ainda na maternidade. Depois de receberam alta, são encaminhados para o ambulatório, onde são avaliadas as necessidades de cada um", explicou Vanessa Siano, infectopediatra responsável pelos ambulatórios.

Nos dois primeiros meses deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) já notificou 7.410 casos de zika vírus e 354 de chikungunya. Já a dengue tem 11.233 casos notificados, quase quatro vezes mais que no mesmo período do ano passado.

A reportagem entrou em contato com as secretarias estadual e municipal de Saúde para obter informações acerca das reclamações de Loide. No entanto, a Secretaria Estadual de Saúde alegou que esse tratamento é de responsabilidade do município e a Secretaria Municipal de Saúde, por sua vez, não respondeu aos questionamentos.