A irmã do principal alvo da Operação Rios Voadores foi presa pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (5) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. A operação desarticulou uma organização criminosa especializada em desmatamento ilegal e grilagem de terras públicas federais no estado do Pará.
Ana Luiza Junqueira Vilela Viacava, de 33 anos, estava de férias nos Estados Unidos. Durante a viagem, por meio de interceptação telefônica, a polícia registrou áudios em que a investigada coordena a ocultação e destruição de provas em favor do irmão, o pecuarista Antônio Junqueira, e da organização criminosa.
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A Justiça Federal já havia expedido um mandado de condução coercitiva para Ana Luiza, mas após os áudios, a medida foi convertida para prisão preventiva. A investigada foi apreendida pela PF na volta das férias, está sendo ouvida e será encaminhada para a penitenciária, onde ficará à disposição da Justiça.
O pecuarista paulista ainda está foragido e terá seu nome incluído na lista de procurados da Interpol, a Polícia Internacional, já que é considerada a possibilidade de sair do país, de acordo com a PF. Ele retirava a madeira de maior valor das florestas e ateava fogo no solo para criação de gado e cultivo. Junqueira tem fazendas em São Paulo, Mato Grosso e Pará e e causou enormes danos à Floresta Amazônica, de acordo com a Polícia Federal.
Rios Voadores
A operação denominada "Rios Voadores" desarticulou a organização criminosa especializada em desmatamento ilegal e grilagem de terras públicas federais no Estado do Pará na última quinta-feira (30).
A ação é conjunta com o Ministério Público Federal, Receita Federal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ocorre no distrito de Castelo dos Sonhos, em Altamira, no sudoeste do Pará, Novo Progresso, na mesma região paraense e ainda em São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Foram expedidos pela Justiça Federal de Altamira, 51 medidas judiciais restritivas de direito, sendo 24 prisões preventivas, 9 conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão em empresas e casas pertencentes aos investigados.
De acordo com a Polícia Federal, o objetivo da quadrilha era o desenvolvimento de atividade econômica agropecuária, após arredamento das terras usurpadas. Os principais investigados e beneficiados com a prática criminosa eram protegidos por outros membros da organização que serviam como “testas de ferro”.
Mediante a falsificação de documentos e outras fraudes, estas pessoas de confiança assumiam a propriedade da terra grilada por seus “patrões”, chegando a admitir a prática de crimes ambientais, preservando o nome dos reais autores da conduta, quando flagrados em fiscalizações do Ibama.
Desmatamento
Segundo laudo pericial da Polícia Federal, de apenas um dos delitos ambientais investigados foram desmatados 9 mil hectares, o equivalente a 8.346 campos de futebol, no período de junho de 2013 até novembro de 2015. Os prejuízos ambientais relacionados à exploração seletiva ilegal de madeira, conversão do uso do solo ilegal e custo de restauração ambiental ficaram orçados em, pelo menos, R$ 162 milhões.
De acordo com a Receita Federal, a organização criminosa, por meio de pessoas físicas e jurídicas, movimentou mais de R$ 1 bilhão entre os anos de 2012 e 2015, sendo grande parte de origem ilícita ou incompatível com os rendimentos dos titulares das contas.
Investigação
No decorrer de quase dois anos de investigação, a PF chegou à conclusão que a organização criminosa é composta por uma rede de pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas.
A quadrilha estruturava-se em quatro núcleos: núcleo operacional, que executava o desmatamento; núcleo referente aos agentes que compram terras desmatadas ilegalmente; núcleo financeiro, que financiava o desmatamento e núcleo familiar, de dissimulação das vantagens econômicas obtidas.
Organizados, eles praticavam o desmatamento ilegal e grilagem de terras públicas federais na Amazônia, para a criação de gado e plantação de soja.