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VÍCIO

Ex-dependente diz ter se livrado das drogas usando raiz africana por 5 dias

Autônomo que mora em Sinop (MT) fez tratamento em clínica em SP

G1/MT

O trabalhador autônomo Cassiano Ruan de Oliveira Hintz, de 36 anos, que mora de Sinop, 503 km de Cuiabá, diz ter se recuperado da dependência química após o tratamento, em apenas cinco dias, com a ibogaína, uma erva africana. No Brasil, a substância é liberada para uso terapêutico pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela é responsável por alterações químicas que estimulam a produção de dopamina no cérebro.

Cassiano, que usou droga por mais de 20 anos, disse que era usuário de crack e pasta-base de cocaína e parou de usar de drogas há cerca de sete meses após o tratamento. Segundo ele, era um caso clássico de dependente químico.

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“Aprontava, roubava, na casa da minha mãe e da minha mulher. Como a minha família me vigiava, eu ia para a rua 'chapar'. Uma vez cheguei a ficar duas semanas dormindo na rua. Também levei duas facadas no meio que vivia por causa do vício”, contou.

Após quatro internações, duas delas compulsórias, quando há intervenção no resgate do dependente, a família do ex-dependente começou a procurar tratamentos alternativos. Cassiano explicou que, como os tratamentos são caros, a família sentia medo de ser vítima de 'charlatões'.

Com esse tratamento, a família gastou em média R$ 10 mil, incluindo passagens, vitaminas e acompanhamento.

“Buscamos muito até chegar a essa clínica em Paulínia [interior de São Paulo]. Disse para minha mãe que eu já tomava todo o tipo de drogas fazia 20 anos e não seria este tratamento que iria me fazer matar”, brincou, ao comentar sobre sua decisão de se tratar com a ibogaína.

Uma pesquisa sobre a ibogaína com 75 dependentes de vários tipos de drogas foi feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unisfesp) e publicada pelo The Journal Of Psychopharmacology da Inglaterra apontou um resultado satisfatório em 55% dos homens e 100% das mulheres, além de não identificar reações adversas graves ou fatais.

O ex-dependente fez o tratamento em maio do ano passado no Instituto Brasileiro de Terapias Alternativas (IBTA). A intervenção aconteceu em cinco dias e não houve necessidade de internação.

“A ibogaína é o oposto das outras drogas. Os entorpecentes me tiravam da realidade, me afastavam dos meus problemas. A ibogaína teve um efeito introspectivo, comecei a refletir sobre minha vida e achar as respostas sozinho. Após o tratamento não tenho mais vontade de usar nada. Foi um presente para mim. Fiz a intervenção na semana do meu aniversário”, afirmou o ex-paciente.

A utilização da ibogaína deve ser supervisionada por uma equipe multidisciplinar e acompanhada de psicoterapeutas para facilitar o afastamento do vício. “Fiz também uma dieta especial que exclui alguns alimentos, especialmente cafeína e estimulantes. Faço terapia para as minhas fragilidades emocionais não me afetarem e também tenho que praticar esporte”, contou o ex-dependente.

Cassiano começou a usar entorpecente aos 15 anos de idade, com álcool, cigarros e maconha. Aos 18 anos, ele teve o primeiro contato com a cocaína. Naquela época, ele tinha uma boa colocação no emprego, como balanceiro e almoxarife, e um bom salário. Segundo ele, no começo, tudo era controlado e esporádico, mas, com o passar do tempo, ele passou a consumir com frequência e chegou até a desviar recursos da empresa.

Oportunidades

Com o tratamento, Cassiano passou a estudar sobre alimentação saudável e a praticar esportes. Ele viu nisso uma oportunidade de negócio. Após ter acumulado um conhecimento vasto sobre diferentes tipos de pratos, ele começou a preparar e a comercializar alimentação saudável e natural. Hoje, vive com a renda destes produtos.

“É um trabalho bom, pois tenho um horário flexível e eu mesmo sou o meu chefe. Ainda tenho que fazer esportes e análise. Foi uma oportunidade perfeita que o tratamento me proporcionou”, disse.

Tratamento

Segundo o médico Rogério Souza, responsável pelo tratamento com a Ibogaína em cápsulas no IBTA, o princípio ativo funciona em três frentes: regulação e produção de serotonina e dopamina, reconstrução dos neurônios e psicoterapia acelerada.

O crack e a pasta base aceleram a produção de serotonina e dopamina em até 900 vezes no corpo humano, explicou o médico. Isso implica que os prazeres básicos, como passear com a família ou ter relações sexuais, não sejam suficientes prazerosos, o que faz o dependente sentir a fissura para usar a droga.

“O paciente para de produzir serotonina e dopamina, responsáveis pela sensação de prazer no corpo, desde o primeiro contato com a pasta base e crack. O prazer é uma necessidade para o corpo, assim como o oxigênio e a água. O princípio ativo da ibogaína reensina o corpo a sentir prazer”, explicou o médico.

O princípio ativo da raiz Iboga incentiva a produção da proteína GDNF no fígado, promovendo a reconstrução dos neurônios e auxiliando na redução da vontade de ingerir álcool e entorpecente. O médico explica que, com isso, o paciente passa a ficar mais focado e concentrado nas atividades diárias.

A terceira ação da raiz africana incentiva o cérebro a acessar conteúdos esquecidos no cérebro, os causadores de sensações de vazios e tristezas. O médico contou que alguns pacientes se recordam de situações que não tinham noção de que tinham passado, em algumas vezes até memórias intrauterinas.

“A ibogaína é o oposto das outras drogas. Os entorpecentes me tiravam da realidade, me afastavam dos meus problemas. A ibogaína teve um efeito introspectivo, comecei a refletir sobre minha vida e achar as respostas sozinho. Após o tratamento não tenho mais vontade, nem sinto a fissura para usar nada. Foi um presente para mim, fiz a intervenção na semana do meu aniversário”, afirmou Cassiano sobre sua experiência de psicoterapia acelerada.

 

Rogério Souza afirmou que a ibogaína livra o paciente da dependência química, mas não o prende para voltar ao vício. Para ele, o fator mais importante é a mudança de hábito e ambiente.

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