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Financial Times

Trump perguntou a Zelensky se Ucrânia conseguiria 'acertar Moscou', diz jornal

Segundo Financial Times, Trump também incentivou que as forças ucranianas comecem a fazer bombardeios em regiões russas mais distantes. Questionado sobre o assunto, ele negou achar que Kiev deva bombardear a capital russa

Foto-CNN Brasil
 
 

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, consultou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre a capacidade da Ucrânia de bombardear Moscou, afirma uma reportagem do jornal "Financial Times" publicada nesta terça-feira (15).

Segundo o jornal, a consulta ocorreu durante uma ligação entre Trump e Zelensky realizada no início de julho, em que o presidente norte-americano incentivou Kiev a bombardear regiões da Rússia mais distantes da fronteira com a Ucrânia, como é o caso da capital russa. 

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A reportagem ouviu fontes de ambos os governos que participaram da ligação ou foram informadas sobre a conversa. Segundo as fontes, Trump questionou se a Ucrânia seria capaz de executar um ataque a Moscou porque, neste caso, os EUA enviariam armas de longo alcance a Kiev. 

"Volodymyr, você consegue atingir Moscou? Você consegue atingir São Petersburgo também?", questionou Trump ao líder ucraniano, de acordo com a reportagem. Zelensky, também segundo as fontes do Financial Times, respondeu que "com certeza, se os EUA enviarem as armas para isso". 

Atualmente, as principais armas fornecidas pelo Ocidente à Ucrânia não conseguem alcançar a capital russa. Mas na segunda-feira (14), Trump rompeu com a pausa nas ajudas à Ucrânia anunciada uma semana antes pelo Pentágono e confirmou o envio de mísseis Patriot, o poderoso sistema de defesa antimísseis dos EUA.

O telefonema entre Trump e Zelensky, ainda de acordo com as fontes consultadas pelo Financial Times, ocorreu em 4 de julho, um dia depois de o presidente norte-americano falar ao telefone com Vladimir Putin.

Na ocasião, Trump se disse "decepcionado" com Putin — desde que assumiu sua segunda gestão à frente da Casa Branca, o norte-americano vinha indicando uma aproximação com Vladimir Putin. Há pouco mais de um mês, no entanto, começou a demonstrar desavenças com o líder russo, depois que Moscou começou a recusar pontos do cessar-fogo na Ucrânia proposto pelos Estados Unidos. 

'Ultimato teatral' 

Trump e Putin — Foto: Reuters

Trump e Putin — Foto: Reuters 

O vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev, afirmou nesta terça-feira (15) que "a Rússia não se importa" com as ameaças de Trump de impor "tarifas severas" ao país caso não haja um cessar-fogo na guerra da Ucrânia em até 50 dias.

Aliado de Putin, Medvedev chamou as falas do presidente americano de um "ultimato teatral". 

"Trump lançou um ultimato teatral ao Kremlin. O mundo estremeceu, esperando as consequências. A beligerante Europa ficou decepcionada. A Rússia não se importou", escreveu Medvedev em inglês na plataforma X. 

Na segunda-feira, Trump ameaçou aplicar tarifas de 100% à Rússia e a seus aliados econômicos caso o governo russo não alcance um acordo de paz na Ucrânia no prazo estabelecido (leia mais abaixo). O presidente americano afirmou em entrevista à emissora britânica BBC divulgada nesta terça que "ainda não desistiu do Putin", apesar de estar "decepcionado" com ele.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou a fala do Trump de "séria", e que o governo russo "precisará de tempo para analisá-la". Já o vice-chanceler russo, Sergey Ryabkov, disse que "a Rússia não aceita qualquer imposição de exigências, muito menos ultimatos".

Tanto Peskov quanto Ryabkov reafirmaram que a Rússia está pronta para uma nova rodada de negociações diretas pelo fim da guerra na Ucrânia. Essas tratativas, no entanto, chegaram a um impasse, porque a União Europeia considera as exigências russas inaceitáveis, que incluem a Ucrânia ceder cerca de 20% do seu território ao rival. 

Ameaça de taxas à Rússia e aliados, e armas à Ucrânia 

 

Trump disse que, caso não haja um cessar-fogo na guerra da Ucrânia em até 50 dias, o valor das tarifas à Rússia e seus aliados será de "cerca de 100%" além dos valores já atualmente aplicados. O presidente americano também anunciou uma nova leva de armas à Ucrânia, selando a retomada em força total da aliança com o país. 

"Estamos muito, muito insatisfeitos (com a Rússia), e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordo (de cessar-fogo) em 50 dias", disse Trump, durante reunião com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, na Casa Branca. 

No encontro com Rutte, Trump também disse que o comércio é "excelente para resolver guerras" para justificar o aumento das tarifas à Rússia que ele ameaçou aplicar.

Logo após a guerra da Ucrânia começar, em março de 2022, os EUA aplicaram um amplo pacote de sanções econômicas à Rússia, o que praticamente inviabilizou o comércio de bens e mercadorias entre os dois países.

Em 2024, o comércio entre EUA e Rússia chegou a US$ 3,5 bilhões, com a compra e venda de mercadorias como fertilizantes, metais e até combustível nuclear, segundo o Escritório do Representante Comercial dos EUA.

No encontro, Trump disse também que enviará uma nova leva de armamento às tropas ucranianas, selando a retomada das ajudas dos EUA a Kiev, com quem teve desavenças ao longo deste ano.

No fim de julho, o Pentágono chegou a anunciar a suspensão do envio de mísseis de defesa aérea e munições de precisão. Nesta segunda, como havia dito no domingo (13), Trump reafirmou que enviará a Kiev mais sistemas antimísseis Patriot, o poderoso "escudo" do Ocidente cujo uso na Ucrânia Putin já disse considerar "uma provocação".

Patriot é o mais avançado sistema de defesa que o Ocidente já enviou à Ucrânia, e cada unidade custa cerca de US$ 3 milhões (R$ 15,6 milhões). 

Na segunda, Trump não só reafirmou que enviará sistemas de defesa aérea Patriot -- que caçam e destroem no ar mísseis e drones russos -- como também disse que mandará, por meio da Otan, baterias para lançamento do sistema, o que agiliza seu uso por tropas ucranianas. 

"Teremos alguns chegando muito em breve, dentro de alguns dias... alguns países que possuem Patriots farão a troca e substituirão os Patriots pelos que já possuem", disse Trump. 

Mudança de rumo 

Mark Rutte e Donald Trump — Foto: Kevin Dietsch/Getty Images/AFP

Mark Rutte e Donald Trump — Foto: Kevin Dietsch/Getty Images/AFP

Os anúncios de Trump na segunda-feira indicaram também como o presidente americano mudou sua rota política na guerra da Ucrânia.

 

Desde que assumiu sua segunda gestão à frente da Casa Branca, em janeiro de 2025, Trump vinha indicando uma aproximação com Vladimir Putin, com quem chegou inclusive a ensaiar um acordo de cessar-fogo sem a presença da Ucrânia nas negociações.

Em fevereiro, ao receber o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para uma reunião na Casa Branca, Trump disparou contra o ucraniano: diante da imprensa mundial no Salão Oval, bateu boca e levantou a voz com Zelensky, a quem acusou de querer incitar uma Terceira Guerra Mundial.

Após a confusão, a reunião entre os dois chegou a ser cancelada, e Zelensky deixou a Casa Branca antes da hora. 

Em paralelo, o norte-americano chegou a elogiar Vladimir Putin, mas, aos poucos, começou a demonstrar decepção com o líder russo, após Moscou recusar diversas vezes condições impostas por Washington para um cessar-fogo na Ucrânia. 

Recentemente, Trump chegou a chamar Putin de inútil e tem criticado bombardeios russos à Ucrânia.

Após as declarações de Trump, Kaja Kallas, a chefe da diplomacia da União Europeia, disse a jornalistas que estava satisfeita com a postura mais rígida do presidente dos EUA em relação à Rússia, mas que um ultimato de 50 dias para punir Moscou era "muito longo": 

"É muito positivo que o presidente Trump esteja adotando uma postura firme contra a Rússia. Por outro lado, 50 dias é um tempo muito longo se considerarmos que estão matando civis inocentes todos os dias".

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