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Em BH

Quadrilha usou credenciais de magistrados para fraudar sistema da Justiça e soltar presos

Criminosos deixaram prisão com ordem de soltura manipulada, após serem presos por invadir e fraudar sistema do Judiciário. CNJ nega invasão estrutural ou falha sistêmica

Administração

Um grupo de quatro detentos conseguiu deixar o Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, pela porta da frente no último sábado (20), após hackers invadirem o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e fraudarem ordens de soltura.

Esses quatro criminosos haviam sido presos em 10 de dezembro com outras cinco pessoas suspeitas de integrarem uma organização criminosa apontada como responsável por acessar de forma ilegal o sistema do Judiciário.

Os homens deixaram a prisão graças ao crime que os levou ao sistema prisional: a manipulação dos alvarás. Até a noite desta terça-feira (23), somente um deles havia sido recapturado, e os outros três eram considerados foragidos. 

Entenda a partir dos pontos abaixo o que se sabe sobre o caso: 

  1. Como hackers invadiram o sistema do CNJ?
  2. O que o grupo tentava fazer?
  3. Como ocorreu a liberação dos presos?
  4. O que ocorreu com os presos soltos?
  5. Quem são os foragidos?
  6. O que o CNJ declarou sobre o caso?
  7. O que o TJMG informou?
  8. Que medida o governo de MG anunciou?
  9. O caso segue sob investigação? 

1. Como hackers invadiram o sistema do CNJ? 

De acordo com a investigação, a organização criminosa formada por hackers e estelionatários usava credenciais, ou seja, logins e senhas, associados a juízes para acessar o sistema do CNJ. Ainda não se sabe como essas credenciais foram parar nas mãos de criminosos. Com esse acesso indevido, eles conseguiam simular decisões oficiais e alterar dados sensíveis de processos. 

2. O que o grupo tentava fazer? 

A investigação apontou que a quadrilha atuava em diferentes frentes dentro do sistema da Justiça. Entre as principais ações investigadas, estão as tentativas dos atos ilícitos abaixo: 

  • Liberação de presos por meio da emissão fraudulenta de alvarás de soltura, o que de fato ocorreu no último sábado.
  • Alteração de dados de mandados de prisão, o que poderia impedir o cumprimento de ordens judiciais.
  • Desbloqueio de valores retidos pela Justiça, o que poderia permitir desviar recursos que estavam sob decisão judicial;
  • Liberação de veículos apreendidos, o que alteraria de forma irregular o status de bens. 

3. Como ocorreu a liberação dos presos? 

A liberação irregular ocorreu após as ordens judiciais serem inseridas no Banco Nacional de Mandados de Prisão, parte do sistema do CNJ. A partir de lá, a Secretaria de Justiça estadual de Minas Gerais recebeu as informações para a liberação de detentos do sistema prisional. 

4. O que ocorreu com os presos soltos? 

Dos quatro detentos liberados irregularmente do Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, um foi recapturado. Outros três seguem foragidos e são procurados pela polícia. 

5. Quem são os foragidos? 

  • Ricardo Lopes de Araujo - deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui duas passagens pelo sistema desde 2016.
  • Wanderson Henrique Lucena Salomão - deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui três passagens pelo sistema desde 2016.
  • Nikolas Henrique de Paiva Silva - deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Esta é a única passagem dele pelo sistema prisional.
  • Júnio Cezar Souza Silva - deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui três passagens pelo sistema desde 2020. Júnio Cezar foi recapturado na noite desta segunda (22)
 
Fotos mostram Ricardo Lopes de Araujo, Wanderson Henrique Lucena Salomão e Nikolas Henrique de Paiva Silva, que deixaram prisão pela porta da frente após fraudarem ordens de soltura — Foto: Divulgação/Sejusp-MG

Fotos mostram Ricardo Lopes de Araujo, Wanderson Henrique Lucena Salomão e Nikolas Henrique de Paiva Silva, que deixaram prisão pela porta da frente após fraudarem ordens de soltura — Foto: Divulgação/Sejusp-MG 

6. O que o CNJ declarou sobre o caso? 

O CNJ afirmou que não houve invasão ou falha estrutural em seus sistemas. Segundo o órgão, ocorreu, na verdade, o uso fraudulento de credenciais verdadeiros, e todas as decisões falsas foram identificadas e canceladas em menos de 24 horas. O conselho apontou, ainda, que não foi identificado qualquer indício de falha sistêmica ou do envolvimento funcional de servidores. 

7. O que o TJMG informou? 

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que as ordens forjadas já foram anuladas. Segundo o Judiciário, esses alvarás não foram expedidos por nenhum juiz, e os mandados de prisão foram restabelecidos. Forças de segurança foram acionadas para recapturar os foragidos. 

8. Que medida o governo de MG anunciou? 

O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (PSD), afirmou que o estado vai atrasar o cumprimento das próximas ordens de soltura para checar a autenticidade das decisões judiciais após o episódio. 

9. O caso segue sob investigação? 

Sim. A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais e o Tribunal de Justiça declararam que apuram o caso.

 

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