Troca de territórios
O primeiro é o medo de que Putin convença Trump, numa reunião sem a presença do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, de que a saída mais curta e rápida para encerrar o conflito é pressionar Kiev a ceder oficialmente as regiões atualmente ocupadas pela Rússia.
A Rússia vem insistindo há muito tempo que qualquer paz real deve “reconhecer a realidade no terreno”, com vários de seus líderes afirmando que a Ucrânia nunca terá de volta aquelas regiões.
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Para complicar ainda mais a situação, os militares russos conseguiram romper esta semana as linhas de defesa ucranianas em vários pontos no leste do país, avançando ainda mais e cortando linhas de suprimentos da resistência.
Para aumento da preocupação da Europa e da Ucrânia, Trump disse às vésperas da cúpula que a conversa com Putin certamente trataria de uma possível “troca de territórios para o bem de todos”.
“Fiquei um pouco incomodado com o fato de Zelensky dizer que ele precisa de aprovação constitucional (para a cessão de territórios)”, afirmou Trump.
“Ele tem aprovação para entrar em guerra e matar todo mundo, mas precisa de aprovação para fazer uma troca de terras. Porque haverá alguma troca de terras acontecendo. Sei disso pela Rússia e por conversas com todos”, confirmou o americano.
Divisão do Ocidente
Para diplomatas europeus, esse discurso antecipa o segundo risco: que Trump condicione o apoio militar dos EUA à Ucrânia à aceitação de um acordo territorial, rachando a unidade ocidental.
Tal movimento poderia criar uma crise de confiança quase irreversível entre Washington e seus aliados.
A Europa quer evitar a qualquer custo que as fronteiras do continente sejam redesenhadas pela força — algo que remete à Conferência de Yalta, em 1945, quando um acordo entre Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética resultou em décadas de domínio soviético sobre o Leste Europeu.
Sem o suporte militar americano, a resistência ucraniana dificilmente sobreviveria. E a percepção de que os EUA podem abandonar a defesa europeia deixaria cicatrizes políticas profundas.
Incentivo a novas invasões
O terceiro temor é que a concessão de territórios a Putin sirva de estímulo para novas agressões.
O histórico é claro: Moscou interveio na Geórgia em 2008, anexou a Crimeia em 2014 e invadiu a Ucrânia em 2022.
Países como Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia veem no atual impasse um prenúncio de futuras ameaças.
Embora poucos acreditem que a reunião desta sexta-feira (15) produzirá um acordo imediato, a proximidade entre Trump e Putin preocupa.
Para a Europa, qualquer entendimento inicial entre os dois no Alasca poderá ter consequências duradouras e potencialmente perigosas para a segurança do continente.