RFI
Foto-Jovem Pan
Israel e Irã voltaram a trocar tiros nesta terça-feira, 17, quinto dia de ataques em sua mais intensa confrontação da história, aumentando temores de um conflito prolongado que pode envolver todo o Oriente Médio. Os dois adversários vêm travando uma guerra velada há anos por meio de aliados e operações secretas, com Israel combatendo grupos apoiados pelo Irã, como o Hamas, desde outubro de 2023.
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O exército israelense afirmou ter lançado ataques "extensos" contra locais de mísseis e drones no oeste do Irã nesta terça-feira. Explosões e fumaça foram relatadas na cidade iraniana de Tabriz, que abriga uma importante base da força aérea.
Jornalistas da AFP relataram estrondos em Jerusalém e Tel Aviv, onde a polícia informou que estilhaços caíram e causaram danos, mas sem vítimas. O corpo de bombeiros informou que estava combatendo um incêndio no centro comercial da cidade.
Ataques israelenses já mataram pelo menos 224 pessoas e feriram mais de 1.200 no Irã, segundo o ministério da Saúde iraniano no domingo, 15. Ainda não há uma nova atualização.
Pelo menos 24 pessoas morreram e 592 ficaram feridas nos ataques do Irã contra Israel, informou o gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Israel afirma também ter matado diversos comandantes militares e cientistas nucleares de alto escalão, além de destruir um terço dos lançadores de mísseis terra-terra do Irã. "Conquistamos agora total superioridade aérea sobre Teerã", disse o porta-voz Effie Defrin.
Israel define objetivos
Netanyahu declarou que Israel está "mudando a cara do Oriente Médio" com sua campanha militar contra o Irã, o que pode levar a "mudanças radicais" no país inimigo. Israel está "perseguindo três objetivos principais: a eliminação do programa nuclear, a eliminação da capacidade de produção de mísseis balísticos e a eliminação do eixo do terrorismo", disse ele, referindo-se aos grupos militantes apoiados pelo Irã no Oriente Médio. "Faremos o que for necessário para alcançar esses objetivos e estamos bem coordenados com os Estados Unidos", acrescentou.
Ele também não descartou a possibilidade de matar o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei.
Evacuação e expansão
O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu aos residentes de Teerã que deixem a cidade, postando em sua rede social: "Todos devem deixar Teerã imediatamente!", sem dar mais detalhes.
A China pediu a seus cidadãos que deixem Israel "o mais rápido possível", enquanto a Índia orientou seus cidadãos a saírem da capital iraniana.
A Tailândia anunciou que preparará aviões para evacuar seus nacionais tanto de Israel quanto do Irã. Israel havia anteriormente emitido uma ordem de evacuação para o Distrito 3, no norte de Teerã, onde fica a emissora estatal IRIB — que posteriormente foi atingida em um ataque israelense.
Jornalistas da AFP em Teerã relataram explosões maciças por toda a cidade. O Irã classificou o ataque como um "crime de guerra". O país também emitiu advertências de evacuação para canais de notícias israelenses em retaliação.A emissora iraniana afirmou na terça-feira que três pessoas morreram no ataque.
Áreas residenciais em ambos os países também foram atingidas por ataques letais. O Irã disse que seus alvos em Israel incluíam locais "sensíveis e importantes" de segurança, bem como "residências de comandantes militares e cientistas".
Na terça-feira, um oficial militar iraniano afirmou que o Irã destruiu "posições estratégicas" em Tel Aviv e Haifa com drones durante a noite.
Diplomacia
O conflito se intensificou rapidamente, apesar dos apelos de líderes mundiais por um cessar-fogo. A China pediu que Irã e Israel "imediatamente" tomem medidas para reduzir as tensões e "evitem que a região mergulhe em mais turbulência".
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse ao presidente iraniano, em uma ligação telefônica na segunda-feira, que Ancara está pronta para atuar como "facilitadora" para encerrar o conflito.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse acreditar que "há um consenso por desescalada" entre os líderes do G7, reunidos no Canadá.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu que ambos os lados "cessem" ataques contra civis e alertou que tentar derrubar o regime clerical de Teerã seria um "erro estratégico".
Trump disse a jornalistas na cúpula do G7 que "o Irã não está vencendo esta guerra, e eles deveriam negociar... antes que seja tarde demais". Porém, após emitir o alerta para evacuação de Teerã, Trump afirmou que encurtou sua participação na cúpula do G7 para trabalhar em algo "muito maior" do que um cessar-fogo.
Negociações nucleares entre Teerã e Washington estavam previstas para domingo, mas foram canceladas após o ataque surpresa de Israel ao Irã.
Em uma declaração final, o G7 pediu "desescalada" no Oriente Médio, começando pelo conflito entre Israel e Irã.
Instalações nucleares
Netanyahu afirmou que a ofensiva israelense visa impedir as ameaças "existenciais" representadas pelos programas nuclear e de mísseis do Irã. A intensa campanha de bombardeios aconteceu após alertas do órgão nuclear da ONU sobre as atividades atômicas do Irã.
Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, disse na segunda-feira que "não havia indicação de um ataque físico" à seção subterrânea da instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, e que os níveis de radiação ao redor da usina estavam "normais".
A AIEA havia informado anteriormente que um componente chave, localizado na parte superior da instalação de Natanz, foi destruído. Deslocamento para o vizinho Azerbaijão Mais de 600 estrangeiros cruzaram a fronteira do Irã para o vizinho Azerbaijão desde que Israel começou a atacar o país na sexta-feira passada, disse uma autoridade do governo em Baku.
"Desde o início da escalada militar entre Israel e o Irã, mais de 600 cidadãos de 17 países foram evacuados do Irã via Azerbaijão", disse a fonte do governo à AFP na terça-feira. "Os evacuados são transportados da fronteira para o Aeroporto Internacional de Baku e levados de volta aos seus países de origem em voos internacionais." (Com agências)
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