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Operação Fames-19 afastou Wanderlei 

Afastamentos, renúncias e pedidos de impeachment: nenhum governador termina mandato no Tocantins há quase 20 anos

Último governador a concluir o mandato foi Marcelo Miranda, entre os anos de 2003 e 2006. Wanderlei Barbosa foi afastado nesta quarta-feira (3).

  • Por Aurora Fernandes, Patricia Lauris, g1 Tocantins e TV Anhanguera
  • Foto-Norte do Tocantins
 
 
 

Desde 2006, nenhum governador eleito democraticamente no Tocantins terminou os mandato. Isso se deve a afastamentos, cassações, prisões e até pedidos de impeachment relacionados a investigações policiais que apuraram corrupção e outros crimes. O último que levou o mandato até o fim foi Marcelo Miranda (MDB). O mesmo também deu início à "tradição" de não finalizar o mandato no estado.

Nesta quarta-feira (3) foi a vez de Wanderlei Barbosa (Republicanos) ter que deixar o cargo por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é investigado por suspeita de envolvimento em esquema de compra de cestas básicas de forma ilegal, com recursos públicos durante a pandemia de Covid-19.

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TV Anhanguera e o g1 fizeram um histórico sobre a situação política e 'rotatividade' no comando do Executivo Estadual nos últimos anos. Veja quem são os governadores e como aconteceram os afastamentos, cassações e renúncias. 

Marcelo Miranda - 1ª cassação 

Eleito para o primeiro mandato como governador do Tocantins em 2002, o político conseguiu concluir os quatro anos no cargo e comandou o estado entre os anos de 2003, quando recebeu a faixa do antecessor José Wilson Siqueira Campos, até 2006.

Marcelo foi reeleito e se manteve no cargo a partir de 2007. Entretanto, o então governador foi cassado em 2009, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) identificou irregularidades justamente na campanha política de 2006. Além de deixar o cargo, Marcelo Miranda também ficou inelegível por oito anos. 

Carlos Gaguim 

Como o vice de Marcelo, Paulo Sidnei, também foi cassado, quem assumiu a cadeira no Palácio Araguaia foi Carlos Gaguim, que era deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Ele venceu uma eleição indireta e ficou no cargo até o fim de 2010, mas não conseguiu se reeleger e foi sucedido por Siqueira Campos. 

Siqueira Campos 

Após voltar ao comando do Poder Executivo, Siqueira Campos (PSDB) também não seguiu no cargo. Mas diferente dos antecessores, ele e o vice, João Oliveira (DEM), renunciaram. O objetivo era viabilizar uma manobra para garantir a candidatura do filho do governador, Eduardo Siqueira Campos . A renúncia foi publicada no Diário Oficial de 4 de abril de 2014.

Com a renúncia dos políticos, mais uma vez um presidente da Assembleia se tornou governador. Dessa vez, quem assumiu foi o deputado estadual Sandoval Cardoso (SD). 

 

Sandoval Cardoso 

Sandoval ficou no cargo por meio de eleição indireta, eleito pelos deputados no dia 4 de maio de 2014. Teve a passagem mais rápida pelo Palácio e também foi o primeiro dos governadores a ser preso.

Em 2016, ele passou 16 dias detido na Casa de Prisão Provisória de Palmas acusado de fraudes em licitações relacionadas a contratos de terraplanagem e pavimentação asfáltica. Sandoval responde em liberdade ao processo que ainda corre na justiça. Atualmente está afastado da vida pública e sempre negou todas as acusações. 

Marcelo Miranda - 2ª cassação 

Após a saída de Sandoval, Marcelo Miranda conseguiu voltar ao poder, cinco anos após a primeira cassação. Ele foi eleito pela população tocantinense nas eleições de 2014 junto com a vice, Cláudia Lélis. 

Mas em 2018, a Polícia Civil apreendeu um avião com R$ 500 mil em dinheiro e santinhos da chapa Miranda-Lélis em Piracanjuba (GO). O caso levou à nova cassação dele, em 2018. Ele é o único governador brasileiro a ser cassado duas vezes no mesmo cargo, até o momento.

Em setembro de 2019, Marcelo foi preso na operação 12º Trabalho, da Polícia Federal, que investigou o suposto desvio de R$ 300 milhões do governo estadual. O governador passou 147 dias na cadeia, e só foi liberado em fevereiro de 2020.

Como a vice-governadora Cláudia Lélis também foi cassada, pela terceira vez um deputado estadual, no cargo de presidente da Assembleia, foi para o Palácio Araguaia. 

Mauro Carlesse 

Após a segunda cassação de Marcelo Miranda, quem assumiu o mandato interinamente foi Mauro Carlesse (Agir). Ele era um deputado em primeiro mandato que tinha sido eleito presidente da Assembleia. Em 2018, Carlesse venceu duas eleições - uma suplementar, em junho daquele ano, e outra geral, em outubro.

Entretanto, durante seu governo, se envolveu em polêmicas e investigações que também o levaram a não finalizar o mandato eletivo. Na época, ele enfrentou sucessivas operações policiais no âmbito estadual e federal.

Ele foi acusado de corrupção e suspeito de interferir politicamente na Polícia Civil, e acabou afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com o afastamento era temporário, em 2021, sem apoio político e enfrentando um processo de impeachment, Carlesse renunciou em 2022. 

Por causa dos processos judiciais, Carlesse foi preso em dezembro de 2024 e só foi solto no mês de fevereiro deste ano. Ele foi acusado de planejar uma fuga para o exterior por causa das investigações de que é alvo.

Atualmente, ele responde em liberdade com medidas cautelares. Mauro Carlesse sempre negou as acusações e disse que não estava planejando deixar o país, afirmando que "sempre esteve à disposição da Justiça e assim permanecerá". 

Wanderlei Barbosa 

Primeira dama Karynne Sotero e o governador, Wanderlei Barbosa, foram afastados — Foto: Reprodução/Instagram Wanderlei Barbosa

Primeira dama Karynne Sotero e o governador, Wanderlei Barbosa, foram afastados — Foto: Reprodução/Instagram Wanderlei Barbosa

Wanderlei assumiu o governo do Estado assim que Carlesse saiu do cargo, em 2021. Político de carreira, o governador afastado nesta quarta-feira ganhou as eleições em 2022 e desde estão comandava o Executivo Estadual. 

Ele é investigado por suspeita de envolvimento em esquema que usou verba pública de emendas parlamentares para a compra de cesta básicas durante a pandemia de Covid-19. Parte do dinheiro, supostamente, foi usado para construir uma pousada de luxo em Taquaruçu.

Além de Wanderlei, a primeira-dama Karynne Sotero, secretária extraordinária de Participações Sociais, também está afastada do cargo. Os dois negam as acusações (veja as notas abaixo). 

Laurez Moreira assume 

Operação Fames-19 afastou Wanderlei 

O governador Wanderlei Barbosa foi afastado pelo prazo de 180 dias, durante a segunda fase da “Operação Fames-19”. A primeira-dama, Karynne Sotero Campos, que é secretária extraordinária de Participações Sociais, também foi afastada. As medidas foram determinadas pelo ministro Mauro Campbell.

Conforme a PF, as investigações, que tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ), apontam fortes indícios de um esquema de desvio de recursos públicos entre os anos de 2020 e 2021. Nesse período, os investigados teriam se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas.

A defesa de Mauro Carlesse (Agir), governador na época, lamentou os recentes acontecimentos e afirmou que "inexistiu qualquer ato ou decisão de sua responsabilidade relacionado aos fatos apurados" (veja nota no final da matéria).

 

Segundo a apuração, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em mais de R$ 73 milhões.

A investigação revela que os valores desviados teriam sido ocultados por meio da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.

Mais de 200 policiais cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares em Palmas (TO), Araguaína (TO), Distrito Federal, Paraíba, Maranhão.

Os nomes de dez deputados estaduais aparecem na investigação do desvio de verbas que seriam usadas para a compra de cestas básicas durante a pandemia. Ao todo, foram destinados R$ 38,2 milhões para a contratação das empresas supostamente envolvidas na fraude envolvendo as cestas básicas, segundo a Polícia Federal.

A Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) informou que prestou colaboração total e irrestrita no cumprimento integral das determinações contidas em dez mandados de busca e apreensão, disponibilizando todos os equipamentos, documentos e informações solicitados. Também informou que não foi intimada de nenhuma decisão judicial relacionada ao caso, que ainda está em curso (veja nota completa abaixo). 

Íntegra da nota de Wanderlei Barbosa 

Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa. 

Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.

Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população. 

Íntegra da nota de Karynne Sotero 

Reitero meu respeito à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e às instituições, ressaltando que irei dedicar-me plenamente à minha defesa, convicta de que conseguirei comprovar minha total ausência de participação nos fatos que estão sendo apontados.

Desejo que tudo seja esclarecido e reestabelecido com brevidade e justiça, pelo bem do povo tocantinense, a quem dedico meu trabalho e compromisso. 

Íntegra da nota da Assembleia Legislativa 

A Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins (Aleto) informa que prestou nesta quarta-feira, 3, colaboração total e irrestrita ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e à Polícia Federal (PF), no cumprimento integral das determinações contidas em dez mandados de busca e apreensão, com a devida disponibilização de todos os equipamentos, documentos e informações solicitados.

Informa ainda que a Procuradoria Geral da Casa não teve acesso aos autos, portanto, desconhece-se o que motivou a expedição dos referidos mandados. Além disso, a Aleto não foi intimada de nenhuma decisão judicial relacionada ao caso, que ainda está em curso. 

Os mandados de busca e apreensão aos quais a Aleto teve acesso foram direcionados aos gabinetes parlamentares dos deputados Amélio Cayres, Claudia Lelis, Cleiton Cardoso, Ivory de Lira, Jorge Frederico, Léo Barbosa, Nilton Franco, Olyntho Neto, Valdemar Júnior e Vilmar de Oliveira. 

Íntegra da nota de Mauro Carlesse 

A defesa do ex-governador Mauro Carlesse lamenta os recentes acontecimentos envolvendo o Estado do Tocantins e esclarece que, durante todo o período em que Mauro Carlesse exerceu o mandato, inexistiu qualquer ato ou decisão de sua responsabilidade relacionado aos fatos apurados.

Ressalta, ainda, que o ex-governador não figura como investigado, réu ou alvo de quaisquer medidas decorrentes da operação, não havendo, portanto, qualquer imputação contra sua pessoa.

Por fim, a defesa reafirma sua confiança nas instituições e no pleno esclarecimento dos fatos, convicta de que a apuração confirmará a total ausência de envolvimento de Mauro Carlesse com os acontecimentos sob investigação.

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