Empresas brasileiras já sentem impactos do tarifaço de Trump, que entra em vigor na quarta-feira (6)
Setores de lâminas de aço e açúcar preveem queda no faturamento. Diálogo entre Lula e Trump ainda não tem data para acontecer.
Usinas de açúcar em São Paulo, que se adaptaram para atender o mercado norte-americano, correm o risco de interromper a produção. Cerca de 2 mil funcionários estão ameaçados de perder o emprego.
O Brasil exporta, anualmente, mais de 40 mil toneladas de açucar orgânico para os Estados Unidos, sendo o principal fornecedor do país nesse segmento.
Empresas produtoras de lâminas de aço em Minas Gerais e São Paulo também preveem queda no faturamento devido à provável redução nas vendas.
O professor de economia da FGV, Sergio Goldbaum, afirmou ao Jornal Nacional que as empresas afetadas podem perder todo o investimento feito para conquistar exclusivamente os clientes americanos:
"Você tem que adaptar o seu produto para aquele mercado externo. Tem que, às vezes, atender especificações locais, às vezes até especificações sanitárias ou fitossanitárias, para colocar o seu produto no mercado externo. Você não apenas perde o seu investimento de anos, como você também não sabe o seu futuro imediato", explica.
Lula vai ligar para Trump?
Até o momento, não há previsão de diálogo entre os presidentes Lula e Donald Trump. No Itamaraty, diplomatas brasileiros avaliam que uma conversa entre os dois líderes exige preparação cuidadosa, especialmente em momentos de crise.
Trump já afirmou que Lula pode falar com ele quando quiser. O governo brasileiro continua tentando abrir um canal de diálogo e, por enquanto, descarta retaliar os Estados Unidos.
O doutor em Relações Internacionais Igor Lucena explica que, apesar da sinalização de Trump, o governo brasileiro terá que buscar o diálogo:
"Não há dúvidas de que esse posicionamento do presidente Trump é, sim, um tipo de abertura para o presidente brasileiro. Entretanto, não foi algo que surgiu naturalmente, né? Isso foi uma pergunta vinda de um jornalista, mostrando que a Casa Branca não está fechada e que há, sim, espaço para negociação; mas pela continuidade da resposta fica muito claro que o presidente Trump quer que isso venha do presidente brasileiro e que o governo americano não vai fazer esse primeiro approach. Isso significa, na prática, que o governo brasileiro tem que encontrar uma maneira de abrir agora esse canal de negociação e, principalmente, entender quais são os objetivos e os interesses do presidente Trump para que essa conversa, de fato, ocorra", analisa.