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Kim, Xi e Putin

É possível viver até os 150 anos ou ser imortal? O que a ciência sabe sobre o limite da longevidade

Especialistas indicam que, até o momento, não há indícios de que isso vá acontecer em um futuro próximo. O limite biológico da vida até hoje conhecido é entre 120 e 125 anos

Foto-CBN
Mais do que a busca pelo aumento da expectative de vida, deve-se focar no envelhecimento saudável. — Foto: Freepik

Mais do que a busca pelo aumento da expectative de vida, deve-se focar no envelhecimento saudável. — Foto: Freepik 

A busca pelo aumento da expectativa de vida e até pela imortalidade é algo comum na ciência há séculos, e tem sido tema de interesse até de lideranças políticas pelo mundo.

Recentemente, em uma conversa informal com os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, o presidente da China, Xi Jinping comentou sobre a possibilidade de as pessoas viverem até 150 anos. 

"As previsões são de que, neste século, também há uma chance de viver até os 150 anos", afirmou. 

Mas, segundo a ciência, realmente é possível viver até essa idade?

❌Os especialistas afirmam que, atualmente, não – e não há indícios de que isso vá acontecer em um futuro próximo. 

"Não há qualquer base científica hoje para se prometer uma idade de 150 anos, e muito menos a imortalidade. Então eu diria que não é plausível essa previsão ainda neste século", analisa Leonardo Oliva, médico geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). 

➡️Um estudo publicado em 2024 na revista científica "The Lancet" mostrou que a expectativa de vida mundial deve aumentar no máximo 5 anos até 2050 – atingindo por volta dos 78 anos nesse período.

limite biológico da vida até hoje conhecido é entre 120 e 125 anos. O indivíduo que mais viveu foi uma senhora francesa que faleceu aos 122 anos, em 1997.

Oliva analisa que, depois desse marco, ninguém mais conseguiu bater esse recorde até o momento, o que pode indicar a tendência de um platô, em um futuro próximo, de um limite fixo que não deve ultrapassar essa idade máxima já conhecida. 

"O mais provável de acontecer é que mais pessoas atinjam essas idades mais avançadas, mas dificilmente a gente vai colocar esse número muito para cima", comenta. 

Segundo Milton Crenitte, médico geriatra e doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, não existe, a partir dos conhecimentos atuais, a possibilidade de se viver para além dessa idade aproximada. 

Para os médicos, seria necessária uma ruptura tecnológica muito grande para permitir que se atingisse idades tão avançadas quanto 150 anos. 

"Isso é explicado principalmente por algumas questões como danos celulares, mutações, alterações nos cromossomos e nos sistemas imunológico e neurológico. Isso vai gerar uma idade limite, uma marca biológica para o fim da existência de todos nós", analisa Crenitte, que também é diretor técnico do Centro Internacional de Longevidade Brasil.

 

 

Biotecnologia e maior expectativa de vida 

No processo de busca do aumento da expectativa de vida, a biotecnologia surge como um importante aliado.

Valquiria Bueno, professora do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Unifesp e responsável pelo Laboratório de Imunologia do Envelhecimento, explica que algumas das principais linhas de pesquisa nesse sentido buscam retardar o processo de envelhecimento celular. 

"Vários estudos estão em andamento para gerar células novas. Se for possível, a partir de células-tronco do próprio indivíduo, gerar células nervosas saudáveis, talvez seja possível retardar o aparecimento do Alzheimer, por exemplo", comenta. 

Ela também acrescenta que células que têm o "pulso" cardíaco também já foram geradas, mas tornar essa tecnologia uma realidade clínica ainda é um grande desafio.

Crenitte pontua que a biotecnologia é essencial para a melhora de algumas terapias e também no desenvolvimento de novas estratégias para o combate de doenças. 

"A gente tem evoluído muito no tratamento de alguns tipos de câncer e tem se estudado muitos novos medicamentos para prevenção de doenças como o Alzheimer e a demência", afirma. 

Os especialistas defendem que a busca por tecnologias que tratem doenças crônicas é fundamental porque essas condições são comuns com o envelhecimento e acabam levando a uma menor qualidade e expectativa de vida.

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Envelhecimento saudável 

Mais do que a busca por aumentar a quantidade de anos da expectativa de vida, os especialistas defendem que o foco das pesquisas deve ser o envelhecimento saudável.

Valquiria Bueno relembra que as pesquisas com centenários e supercentenários (com 120 ou mais) mostram que há algumas condições responsáveis pelo aumento da longevidade como: 

  • Fatores genéticos
  • Hábitos, como dieta, atividade física e socialização
  • Localização geográfica, com influência de fatores como maior ou menor exposição à poluição e a patógenos causadores de doenças graves, acesso à água potável e esgoto, entre outros 

Nesse sentido, Crenitte comenta que ainda há uma profunda desigualdade na expectativa de vida no mundo. Além disso, fatores como doenças globais, como aconteceu na pandemia, e a emergência climática podem ter impacto direto na longevidade. 

"A gente não sabe direito o que vai acontecer no futuro. Não sabemos o efeito da catástrofe climática no corpo humano, por exemplo. [...] Se o planeta não estiver habitável, não tem como a gente falar em expectativa de vida", projeta o médico. 

No dia a dia, eles comentam que alguns hábitos simples podem contribuir no aumento da longevidade e em um envelhecimento mais saudável.

????Entre as medidas mais importantes, destacam: 

  • Realizar exercício físico regularmente
  • Ter uma alimentação saudável, incluindo sempre frutas, verduras, legumes e a quantidade adequada de carboidratos, calorias, proteínas e gorduras
  • Dormir bem
  • Não consumir bebidas alcoólicas, ou beber em pequenas quantidades
  • Não fumar 

Além disso, Oliva ainda comenta que é fundamental cuidar da saúde mental e prevenir doenças crônicas, além de visitar periodicamente o médico. 

"Apesar dessa busca por uma idade mais avançada e até mesmo a imortalidade, o que a gente tem de concreto hoje é buscar medidas de prevenção e mudanças de estilo de vida para que a gente atinja uma idade avançada de modo funcional. A busca tem que ser por mais anos livres de doença e de incapacidade, muito mais do que simplesmente viver muitos anos", analisa.

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