A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu cerca de R$ 80 milhões em barras de ouro na última semana. E o produto foi levado para um laboratório em Brasília visando descobrir a origem dele, graças a uma "ouroteca".
???? ???? Na capital de Roraima, onde parte das barras foi apreendia, a fiscalização desconfiou do comportamento de um casal durante uma abordagem. Quando a PRF os parou, os policiais notaram que o veículo, apesar de novo, estava mexido. Boa parte dos metais estava em compartimentos falsos – na soma, eram cerca de R$ 63 milhões.
???? ???? Já no Pará, a quase 1 mil quilômetros da capital Belém, na BR-230 (Transamazônica), foram apreendidos cerca de 40 quilos de ouro maciço, transportados no painel de luxo de um carro.
Em Brasília, os carregamentos terão suas características comparadas para atestar a origem do ouro (Veja no vídeo acima como funciona esse processo).
Segundo Carlos Eduardo Palhares Machado, perito criminal federal e diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), o local possui uma ouroteca, "que é como se fosse uma biblioteca, mas não é de livros, é uma biblioteca de ouro".
Assim, o ouro apreendido pode ser comparado com amostras existentes na "ouroteca" para ter pistas sobre sua origem.
A análise do ouro suspeito pode levar de dois a quatro meses. Mas especialistas afirmam que já demorou mais.
"Muitas vezes a gente demorava mais de um ano para receber um resultado, para ter um laudo pericial", explica o chefe do Serviço de Perícias em Geologia Forense do INC, Erich Adam Moreira Lima.
O tempo foi encurtado devido à chegada de tecnologia mais avançada. Maquinários vindos do Japão e dos Estados Unidos reduziram essa espera em mais de seis meses. Com eles, é possível analisar outros componentes e partículas presentes nessas barras, fundamental para acelerar a descoberta da origem.
Veja o processo de perícia:
- A primeira etapa acontece com equipamentos de fluorescência de raio-x. Nessa fase, é possível descobrir se o material de fato é ouro e quais são as maiores partículas que estão associadas;
- A segunda etapa acontece em um sistema de laser que atinge a amostra e provoca um vapor com partículas ainda menores;
- Com essas menores, é feita uma análise química que identifica componentes ainda menores.
Esse processo denuncia uma espécie de “DNA” do metal, a assinatura de origem, onde foi extraído. “Hoje, a Polícia Federal, a ciência, consegue ler a marca que a natureza faz quando forma o ouro”, diz Humberto Freire.

Polícia tenta descobrir origem de 143 kg de ouro apreendidos no norte do país