Um boletim de ocorrência registrado em Brasnorte (579 km de Cuiabá) relata uma série de agressões físicas, verbais e ofensas racistas praticadas pelo capitão Cirano, comandante da Polícia Militar no município, contra um soldado, identificado como Freitas, subordinado da mesma unidade. O episódio teria ocorrido em um posto de combustíveis da cidade durante uma confraternização.
De acordo com o relato, o soldado participava de um encontro com colegas de farda e civis, quando foi alvo de insultos proferidos pelo oficial superior. Entre as declarações registradas em boletim estão agressões morais como “sua esposa deu para todo o pelotão” e “faça um DNA porque esse filho não é seu”, além de ofensas racistas como “preto e cachorro senta no chão” e “você não serve nem para ser soldado”.
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O documento também registra que o comandante tentou levar o soldado aos fundos do posto, onde não havia câmeras de segurança, para “dar uma lição” nele. Ao recusar-se a seguir a ordem, Freitas teria sido chamado de “negro” de forma pejorativa. O documento detalha que o capitão ordenou que o soldado se sentasse no chão, e ao ser questionado, teria dito que "cachorro e preto sentam no chão".
Ao tentar filmar as agressões, o soldado afirma que foi imobilizado com um golpe mata-leão, teve o celular arrancado à força e quebrado em duas partes pelo capitão.
Funcionários do estabelecimento teriam presenciado a cena. O irmão de Freitas, o cabo Máximo, também aparece no relato como uma das testemunhas da abordagem e das ameaças. Segundo o BO, ambos temem represálias do oficial.
Em nota, a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Mato Grosso (ACS-MT) repudiou “qualquer tipo de preconceito e discriminação dentro da corporação”, e manifestou total apoio aos militares envolvidos, destacando que a equipe jurídica da entidade acompanha o caso desde o início.
“A ACS desde o início disponibilizou a equipe jurídica para acompanhar os militares (vítimas)”, afirma trecho da nota, assinada pelo presidente da associação, Laudicério Machado. A entidade também elogiou a atuação da Corregedoria da PM, que enviou equipe a Brasnorte para apurar os fatos.
Até o momento, a PM não se manifestou sobre o caso.