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Na Macedônia do Norte

Conheça a história do repórter que escrevia sobre assassinatos que ele mesmo havia cometido

Detalhes exclusivos nos textos de jornalista levantaram suspeitas que o ligaram a uma série de crimes brutais na Macedônia do Norte

Internacional|Do R7

Foto-You Tube

 

O jornalista Vlado Taneski, conhecido por suas reportagens detalhadas sobre crimes em Kičevo, na Macedônia do Norte, tornou-se o principal suspeito dos próprios assassinatos que cobria.

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Durante anos, Taneski relatou com uma precisão incomum uma sequência de mortes brutais ocorridas na pequena cidade, chamando atenção pelo grau de informação privilegiada que apresentava em seus textos.

Entre 2005 e 2008, pelo menos três mulheres, todas faxineiras com idade entre 50 e 60 anos, foram encontradas mortas em circunstâncias semelhantes: violentadas, estranguladas com fios de telefone e abandonadas nuas em sacos plásticos. Os casos chocaram a comunidade local e desafiaram a polícia. 

Antes desses crimes, Taneski era um repórter experiente, com mais de duas décadas dedicadas à cobertura de temas como educação, administração municipal e cotidiano local. Mas, após o primeiro assassinato, ele passou a relatar cada caso para jornais como Nova Makedonija e Utrinski Vesnik, exibindo detalhes que só o assassino ou a polícia poderiam conhecer. 

Foi justamente esse conhecimento profundo que chamou a atenção dos investigadores. “Lemos seus textos e isso nos deixou desconfiados. Ele sabia demais”, afirmou Ivo Kotevski, porta-voz da polícia, ao The New York Times. A suspeita se consolidou quando ficou claro que Taneski descrevia características das cenas de crime, como o tipo de fio utilizado e a maneira como os corpos foram dispostos, antes de qualquer divulgação oficial. 

Além do acesso a informações restritas, colegas lembram que Taneski costumava contatar as redações poucas horas após cada homicídio, oferecendo exclusivas. “No dia 18 de maio, logo depois do assassinato de Zivana Temelkoska, ele já nos ligou propondo a pauta”, relatou um jornalista do Nova Makedonija ao jornal inglês The Guardian.

As reportagens, vistas em retrospecto, soavam quase como confissões públicas. Em junho de 2008, um exame de DNA confirmou a presença de material genético de Taneski em uma das cenas do crime. Posteriormente, buscas em sua casa e em uma casa de veraneio revelaram fios de telefone, material pornográfico e objetos pessoais das vítimas.

O jornalista foi preso em 22 de junho de 2008, acusado dos assassinatos de Zivana Temelkoska, Ljubica Licoska e Mitra Simjanoska. Havia ainda investigações sobre possível envolvimento de Taneski no desaparecimento de uma idosa de 78 anos em 2003.

No dia seguinte à prisão, Taneski foi encontrado morto em sua cela, com a cabeça submersa em um balde de água. As autoridades classificaram o caso como suicídio, e uma nota foi encontrada negando sua responsabilidade pelos crimes.

A notícia surpreendeu não só a opinião pública, mas também familiares e colegas de redação. Sua esposa, com quem foi casado por 31 anos, declarou à emissora Kanal 5 que o casamento era “ideal” e que jamais notou comportamento agressivo no marido, atribuindo as únicas discussões do casal à convivência com os pais dele.

O editor do Utrinski Vesnik, Ljupco Popovski, descreveu Taneski como uma pessoa excepcionalmente reservada, enquanto outros jornalistas expressaram incredulidade diante das acusações. “Ele era um cara simpático e educado, parecia absolutamente normal”, contou Ognen Cancarevik, que trabalhou junto com Taneski na cobertura dos assassinatos.

Investigações posteriores apontaram que todas as vítimas conheciam a mãe de Taneski, também faxineira, com quem o jornalista tinha uma relação difícil, especialmente após o suicídio do pai em 1990. Psiquiatras sugeriram que Taneski poderia estar projetando conflitos pessoais nos crimes e que talvez tenha desejado ser descoberto, revelando informações nos próprios textos.

 

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