A inteligência artificial (IA) está rompendo uma das barreiras históricas da agricultura: a luta constante entre plantas e patógenos. Segundo Raphael Lacerda, especialista em Inteligência Artificial, a pesquisa da Universidade da Califórnia, Davis, comprova que máquinas podem superar milênios de evolução e elevar a imunidade de cultivos como tomates e batatas a níveis inéditos.

O avanço se deu com o reprograma do receptor FLS2 das plantas, que passa a reconhecer e combater um leque muito mais amplo de ameaças bacterianas. Entre elas, destaca-se o Ralstonia solanacearum, microrganismo devastador que atinge mais de 200 espécies agrícolas e há décadas desafia a produtividade do agronegócio global. O processo utiliza o AlphaFold, sistema de IA que prevê estruturas de proteínas, para identificar aminoácidos cruciais que devem ser editados. Dessa forma, uma planta antes vulnerável pode ser "ressuscitada" e equipada para enfrentar patógenos considerados invencíveis.

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O impacto desse método é comparável a um salto de séculos em poucos meses, dispensando a dependência exclusiva da sorte ou da seleção natural. Para Lacerda, a discussão sobre regulação deve focar no mau uso da tecnologia, e não em frear sua aplicação. No Brasil, resistir a essa transformação significa condenar o agronegócio ao atraso e expor a população ao risco de insegurança alimentar. 

A adoção da IA na agricultura exige mais investimentos em pesquisa e o abandono de preconceitos ligados à visão romântica do cultivo tradicional. Se o país deseja garantir abundância de alimentos e competitividade global, precisa compreender que a batalha contra doenças agrícolas não será vencida com tradição, mas com inovação tecnológica e ciência aplicada.