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Notícias do Agro Sexta-feira, 03 de Outubro de 2025, 16:08 - A | A

Sexta-feira, 03 de Outubro de 2025, 16h:08 - A | A

Crescimento de 3,5%

Acordo entre EUA e China e La Niña são riscos para o agro em 2026

Bradesco projeta, para 2026, uma renda agropecuária de R$ 1,56 trilhão, com crescimento de 3,5% em relação a 2025

Administração

Por 
Cibelle Bouças — Belo Horizonte-GR


Para especialista, maior perigo para o agro brasileiro é a China fechar um acordo com os EUA para comprar soja e óleo e deixar de adquirir do Brasil — Foto: Arquivo/Embrapa Cerrados 

A renda do agronegócio brasileiro terá um crescimento em 2026 menos intenso em relação aos ganhos deste ano. O setor deverá ficar atento aos principais riscos para o seu desempenho no próximo ano: os impactos para o Brasil de um acordo comercial entre Estados Unidos e China e um potencial efeito do fenômeno La Niña na produção agrícola. A avaliação é do economista-chefe do departamento de pesquisa e estudos do Bradesco, Fernando Honorato, que Honorato participou, nesta sexta-feira (3/10), do 25º Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial, realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). 

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O Bradesco projeta, para 2026, uma renda agropecuária de R$ 1,56 trilhão, com crescimento de 3,5% em relação a 2025. Para este ano, o banco estima um aumento na renda de 5,2%, chegando a R$ 1,50 trilhão.

Segundo Honorato, a desaceleração no crescimento do agro relaciona-se com a perspectiva de um crescimento menor da economia brasileira no ano que vem e de um enfraquecimento da economia chinesa.

“O maior risco para esse desempenho é se a China fechar um acordo comercial com os Estados Unidos para comprar soja e óleo e deixar de comprar do Brasil. Mas minha percepção é de que a China não quer voltar a ser dependente dos EUA. Além disso, os Estados Unidos já não tem área disponível para expandir o plantio de soja”, avaliou Honorato.

Outro risco, de menor escala, segundo o economista, é o impacto do La Niña na produção brasileira, caso o fenômeno venha mais forte que o esperado.

Honorato ressaltou que o mundo vive um momento de insegurança sem precedentes, causado principalmente pela política comercial dos Estados Unidos. O economista estima que os países tendem a proteger mais suas economias, enquanto a China, se não fizer acordo com os EUA para exportar, tende a inundar outros países com seus produtos, inclusive o Brasil. “Internamente, a demanda da China está arrefecendo e o país vai precisar adotar políticas de estímulo ao consumo e isso pode favorecer o agronegócio brasileiro”, avaliou.

Honorato ressaltou que o efeito do tarifaço americano sobre o Brasil tem impacto muito mais setorial do que macroeconômico. “Do total exportado pelo Brasil, 11% vão para os EUA. Isso equivale a 2% do PIB. Com a lista de exceções de produtos que saíram do tarifaço, o impacto na economia brasileira vai ser de 0,1% a 0,2% do PIB”, afirmou Honorato. 

Em relação ao mercado brasileiro, Honorato disse que a economia real no Brasil vai bem. “Temos setores entregando performances muito boas, entre eles o agronegócio. O mercado de trabalho tem o menor índice de desemprego da história. A renda disponível para consumo cresce 4,35 este ano e 3,5% o ano que vem. Temos uma expansão da economia pelo trabalho que está perdendo fôlego ma tem uma resiliência bastante forte”, afirmou Honorato.

O economista considera que a taxa básica de juros (Selic) ainda alta vai contribuir para esfriar a economia brasileira no próximo ano. Ele observou que a Selic alta já tem provocado uma redução dos investimentos privados.

“A taxa Selic começa a baixar o ano que vem, mas a média do ano vai ser alta. Como consequência, a inflação deve ceder, podendo ter uma aceleração da economia no segundo semestre”, afirmou o economista.

O Bradesco projeta um crescimento de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2026, ante um crescimento de 2,1% este ano. A inflação é estimada em 3,8% no ano que vem e 4,7% em 2025. A taxa básica de juros (Selic), segundo Honorato deve chegar ao fim do ano que vem em 11,75%, contra 15% este ano. O dólar médio deve chegar a um patamar entre R$ 5,15 e R$ 5,25 em 2026, estima o economista.

A dívida bruta, por sua vez, deve subir para 85,3% do PIB, contra 80,2% em 2025. O economista disse que o próximo governo precisará dar uma solução para o controle dos gastos públicos. “Deixar o controle da inflação nas costas do Banco Central apenas vai custar muito caro para o Brasil”, alertou.

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