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CULTURA

Longa-metragem gravado em Mato Grosso abraça O protagonismo indígena nos sets

Primeiro longa da Faces Filmes reforça escuta e representatividade no audiovisual.

CONTEÚDO HIPERNOTICIAS

O primeiro longa-metragem da Faces Filmes, ‘Ensaio Sobre a Verdade’, já está em gravação em set montado na região entre Primavera do Leste e Poxoréu, no interior de Mato Grosso. Baseado no texto vencedor do Prêmio Funarte de Dramaturgia (2018), o filme vai além de um enredo psicológico instigante: faz história ao abrir espaço real para a presença e a voz de lideranças, artistas e consultores indígenas em todas as etapas do processo.

A história acompanha Zé Basílio e Inácio, pai e filho isolados em uma fazenda em área de garimpo de ouro, que enfrentam segredos de família, culpas e silêncios numa atmosfera densa de tensões. Além de Enivaldo Kanazokemae – Shun –, que faz sua estreia em elenco principal que conta com Luciano Bortoluzzi (Mãe Só Há Uma, Sintonia) e Virginia Cavendish (O Auto da Compadecida, Lisbela e o Prisioneiro) e Dionathan Pessoni, conectando artistas mato-grossenses a nomes conhecidos do cinema e da TV.

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Mas é fora de cena que Ensaio Sobre a Verdade reforça outra narrativa urgente: a da representatividade indígena na cena e na construção da própria cena.

Maria Augusta, liderança indígena que participa da produção, resume a importância desse movimento. “No meu ponto de vista, estar presente, me permite conhecer as coisas que a gente não conhece. E mais para a frente repassar meu conhecimento para outras pessoas”, afirma.

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Gabriel Lesko

A 2ª assistente de direção, Emilia Top Tiro, destaca que este é o primeiro projeto que oferece condições mínimas para o trabalho indígena no set — algo que deveria ser regra, não exceção. “Eu realmente espero que os outros produtores do estado vejam esse movimento como algo louvável e que se torne o padrão para realizar filmes”, ressalta.

Para garantir que a presença indígena seja respeitada também na forma como é representada, a produção conta com Dani Mara, consultora do corpo indígena em cena. “Meu trabalho é lembrar para o coletivo que carregamos a linguagem subversiva no olhar, no nosso jeito de corpo. Enquanto kraí (pessoa não indígena/branca), acha que somos inocentes, é importante lembrar que estamos te observando e de passim-em-passim, aprendemos sobre seu comportamento e qual é essa terra que estamos pisando. E é nesse espaço da linguagem, do discurso que falamos sobre as armadilhas para a representação indígena no audiovisual. Eu não tenho certeza, mas acho que a função de consultora indígena é algo recente. Até brinquei com um parente Pankararé: meu trabalho é lembrar kraí que a gente é gente. Que a gente é diferente de cada um, que a gente tem história e que nossa memória é também documento.”

Márcio Paromer, que cuida da trilha sonora do longa, destaca: “A cosmologia de meu povo de origem, acaba me conduzindo espiritualmente. Estamos criando uma composição que venha a ser, de certa forma, um retrato fonográfico do longa metragem”.

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Gabriel Lesko

No elenco, o ator e músico Enivaldo Kanazokemae estreia em um longa-metragem como protagonista, uma experiência que ele espera que abra portas, não só para ele. “Para mim, como indígena, é muito importante e gratificante participar deste projeto, que traz à cena um assunto que temos vivido e presenciado. Traz toda a representatividade do povo indígena. Acredito muito que esse trabalho vai abrir portas para minha família e para todos os parentes do Brasil”, pontua.

Com produção da Faces Filmes, apoio da Angorá Filmes e Seriguela Filmes, e apoio da Film Commission – Rio dos Bororos, Ensaio Sobre a Verdade também destaca a força de coletivos culturais como o Teatro Faces, Faces Jovem e Primitivos, reforçando Primavera do Leste como um polo emergente do audiovisual no Centro-Oeste. O projeto é viabilizado pelo Edital Cinemotion (SECEL-MT) via Lei Paulo Gustavo.

 

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