O estoque de remédios da Farmácia de Alto Custo, em Mato Grosso, atende, atualmente, 68% da demanda prevista e necessária. E os pacientes que dependem desses medicamentos que encontram-se em falta na unidade são penalizados. Desde o início deste ano, os usuários não têm conseguido fazer a retirada de vários produtos.
A unidade é de responsabilidade do governo do estado e, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), licitações para adquirir alguns produtos em falta já foram feitas. A pasta informou ainda que a aquisição e o controle de parte dos medicamentos são de responsabilidade da pasta e o restante do Ministério da Saúde. A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
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O aposentado João Moesa contou ter gasto mais de R$ 1 mil para comprar o remédio para o tratamento do filho que sofre de depressão. “Além de ser caro, é difícil de encontrar. E ainda você chega à farmácia com uma receita para quatro caixas e, quando vai ver, eles só têm duas. E como a receita tem data de validade, tenho que correr atrás de um médico para conseguir outra depois”, relatou.
Desde junho, o também aposentado Luiz de Oliveira não tem conseguido adquirir uma bombinha para asma nas farmácias de alto custo da capital. “Ainda tenho que pagar conta de água e conta de luz, tudo com um salário mínimo. Como eu vou fazer?”, questionou. Luiz pagou R$ 85 em uma bombinha para asma.
O autônomo Anildo Veira, que trata de pequenos ferimentos na pele, não tem encontrado o medicamento que usa para o tratamento da enfermidades na Farmácia de Alto Custo. “Eles me informam que não sabem quando vai chegar e nem tem previsão”, afirmou.
Além desses casos, pacientes que realizaram transplantes de rins e fazem hemodiálise também não têm conseguido alguns remédios. Sem a ‘Ciclosporina’, um dos medicamentos em falta, o organismo desses transplantados sofre o risco de rejeição do novo órgão.
Sobre o aposentado João Moesa, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a responsabilidade da compra do remédio é do governo federal, mas o Ministério da Saúde não entregou o medicamento, segundo a superintendente de Assistência Farmacêutica, Juliana Almeida.
“Eles [Ministério da Saúde] nos apresentaram, por email, uma justificativa que dizia não ser possível disponibilizar, a tempo, o medicamento para todos os estados e não só para o estado de Mato Grosso”, explicou.
Sobre o medicamento dos pacientes renais, o problema é com o fabricante. “A SES finalizou o processo de compra em setembro [deste ano]. Mas, devido um problema na indústria, ela afirma que não conseguiu disponibilizar o produto. Segundo eles, em novembro a situação estará regularizada”, pontuou Juliana Almeida. A complicação neste caso é com a matéria prima do medicamento.
A SES informou que a Superintendência de Assistência Farmacêutica tem cobrado o Ministério da Saúde, que aguarda um posicionamento oficial da pasta e que, caso necessário, pode dar início ao processo de compra emergencial do remédio.