Preso em Cuiabá desde setembro de 2015 sob a acusação de ter comandado esquema de propina em troca de concessão de benefícios fiscais no estado, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) deverá depor como testemunha no júri de um dos réus do caso que ficou conhecido como 'Chacina de Matupá'. Esse será o segundo julgamento do acusado, Mario Nicolau Schorr, já que o primeiro foi anulado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
O júri está marcado para o dia 18 de abril, na Comarca de Matupá, município distante 696 km de Cuiabá, e refere-se à tortura seguida de morte de Ivanir Garcia dos Santos, Arci Garcia dos Santos e Osvaldo José Bachmann, que foram linchados por populares depois de terem feito crianças e mulheres reféns durante um assalto em 1990.
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No primeiro julgamento, em outubro de 2011, Schorr foi condenado pela morte de duas das vítimas e absolvido pela morte da terceira. "(...) Sem que existisse qualquer tese exculpante quanto à conduta a ele atribuída, que teria se voltado contra os três mortos e não de forma individualizada com relação a cada um, não há outra medida senão designar nova Sessão do Tribunal do Júri", diz o juiz Fábio Petengill nos autos.
Na época do crime, Silval Barbosa era empresário e morava Matupá, município onde iniciou também a vida política, quando foi eleito prefeito. Essa não foi a primeira vez que o ex-governador foi intimado a depor no processo, porém, nunca chegou a ser ouvido como testemunha. A Justiça já pediu escolta pra que ele possa comparecer ao julgamento dessa vez.
O caso
Os crimes ocorreram em 23 de novembro de 1990. Na manhã daquele dia, a Polícia Militar prendeu três assaltantes que tinham mantido mulheres e crianças reféns dentro de uma casa por mais de 15 horas. Os bandidos se entregaram aos PMs, mas acabaram espancados, queimados vivos e assassinados por 18 pessoas, todas civis.
Depois, os corpos foram colocados em pedaços de madeira numa praça do município. O triplo homicídio foi registrado em vídeo por um cinegrafista amador. As imagens causaram repercussão mundial após terem sido divulgadas.