O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) denunciou à Justiça, nesta segunda-feira (27), o suspeito de ser o mandante dos ataques aos ônibus do transporte coletivo na região metropolitana de Cuiabá, na noite de 10 de junho. Reginaldo Aparecido Moreira se encontra preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), no Bairro Pascoal Ramos, na capital, e é apontado como um dos líderes de uma organização criminosa. O G1 tentou, mas não conseguiu localizar a defesa de Reginaldo.
Na noite dos ataques, três ônibus foram incendiados, sendo dois em Cuiabá e um Várzea Grande. Segundo consta na denúncia, os ataques foram uma represália à greve dos agentes penitenciários, o que resultou na suspensão temporária das visitas aos presos nas unidades penitenciárias do estado, o que causou revolta entre os detentos da PCE.
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Diversas interceptações telefônicas compartilhadas pela Terceira Vara Criminal de Varzea Grande e transcritas na denúncia mostram conversas entre Reginaldo e os executores dos ataques, bem como o momento em que ele “mobiliza outros integrantes do grupo para 'matar os vermes de camisa azul' referindo-se à Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros”.
“Pelas gravações telefônicas fica claro o poder de comando exercido por Reginaldo Aparecido Moreira sobre os demais membros do bando, bem como que o 'salve' determinando os ataques partiram dele”, diz trecho da denúncia.
Caso seja condenado pelos ataques, Reginaldo poderá pegar pena de até 16 anos de reclusão.
Facção criminosa
O MPE também ofereceu denúncia contra outros três suspeitos de integrarem a facção em Mato Grosso: Evandro Luz de Santana, que se encontra preso na PCE; André Matheus Silva Souza, que está preso no Centro de Ressocialização de Várzea Grande; e Baltazar Luz de Santana, que também se encontra recolhido na PCE. Como Reginaldo já responde a ação penal por integrar a facção criminosa, ele não foi denunciado novamente por esse crime. A reportagem não localizou a defesa dos denunciados.
Consta na denúncia, ainda, que um dia após os ataques, durante revista às celas da Penitenciária Central do Estado, foi apreendido um aparelho celular que teria sido utilizado para “emanar ordens a integrantes do grupo para realizar novos ataques, demonstrando sem sombra de duvidas a participação deles na facção criminosa”.
“Das informações colhidas no referido aparelho celular destacou-se um 'salve' repassado pelo denunciado Evandro Luz de Santana ordenando a execuções de policiais”, diz trecho da denúncia.
De acordo com a denúncia, uma revista feita nas celas do Centro de Ressocialização de Várzea Grande também resultaram na apreensão de um outro aparelho celular que pertenceria à André Matheus, que teria sido utilizado por ele para “instigar a execuções de policiais na grande Cuiabá, demonstrando de maneira inequívoca ser ele integrante da facção criminosa”.
Até o momento, cento e três pessoas já foram denunciadas pelo Gaeco, em quatro ações penais distintas, por fazerem parte da facção. Entre os denunciados está Sandro da Silva Rabelo, conhecido como “Sandro Louco”, apontado pelo MPE como um dos idealizadores da organização no estado.
Inquéritos
Segundo o Gaeco, um outro inquérito apura a tentativa de homicídio praticada, no mesmo dia, contra um agente penitenciário. Existe, ainda, uma terceira investigação em andamento para identificar os autores dos incêndios. Os inquéritos estão sendo conduzidos pela Polícia Civil.