O nome e a foto da professora doutora Lucélia Nobre Carvalho, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Sinop, a 503 km de Cuiabá, estão sendo usados por estelionatários para aplicar golpes pela internet desde 2015. Um e-mail falso tem sido encaminhado em nome da docente, com a oferta de vagas de emprego temporário em concursos e vestibulares em todo o país, além de uma carteirinha do Ministério da Educação, que daria direito a participar de cursos, congressos e seminários de graça, pagando apenas uma taxa.
Ao descobrir a fraude em seu nome, a professora registrou um boletim de ocorrência para que o golpe fosse investigado.
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Para atrair as vítimas, os criminosos utilizam o nome e a imagem da docente como sendo coordenadora de um processo de contratação de serviços temporários. A Polícia Civil de Sinop não tem o número de pessoas que caíram no golpe em Mato Grosso, mas informou que irá investigar o crime.
Lucélia teve conhecimento do golpe em setembro de 2015, após alguns professores da instituição em que trabalha a procurarem para confirmar a inscrição nas vagas oferecidas por e-mail. “Eles vieram falar comigo, porque queriam fazer a inscrição mas estavam sem dinheiro e queriam segurar a vaga”, relatou.
O interessado na vaga deveria depositar a quantia de R$ 125 imediatamente para confirmar a inscrição. Entre os benefícios, o emprego pagaria por dia a quantia de até R$ 780, sem a necessidade de seleção.
Um trecho da mensagem do e-mail diz: “vale ressaltar que após receber a confirmação garantida a pessoa que será contratada deverá efetuar uma pequena taxa de cadastramento única no valor de R$125 para ter direito a uma carteirinha especial do MEC e poder participar gratuitamente de eventos até dezembro de 2016”.
Na tentativa de dar credibilidade ao golpe, os criminosos inseriram a foto e o endereço completo de Lucélia. Tanto que os próprios amigos acharam que a mensagem tivesse sido enviada por ela. No golpe, a professora é colocada como coordenadora das vagas. Lucélia suspeita que o nome dela tenha sido envolvido pela credibilidade no meio acadêmico. “Conseguimos credibilidade com o passar do tempo. Somos respeitados por professores de todo o país”, disse
Segundo Lucélia, ao desconfiarem do golpe, as pessoas que depositaram o dinheiro procuraram o perfil dela nas redes sociais. As mensagens enviadas são de cobrança, porque na mensagem teoricamente ela deveria enviar um kit de identificação e depois receberia todas as informações sobre os concursos em que iria trabalhar. Segundo a mensagem do e-mail, as pessoas seriam contratadas imediatamente.
A professora diz que o número de pessoas que entram em contato com ela para cobrar os benefícios é tão grande que ela já utiliza uma resposta padrão. “Gasto boa parte do dia respondendo e-mail e mensagens na internet”, conta. Há registros do golpe nos estados do Acre, Rio Grande do Sul e Paraná.
As vagas também eram disponibilizadas para auxiliares de corredor, auxiliar para aplicação das provas, coordenador e vice-coordenador de aplicação. Os cachês oferecidos variam entre R$ 195 e R$ 650.
Entre os benefícios, as pessoas que depositaram o dinheiro receberiam uma carteirinha especial do Ministério da Educação (MEC).
Recentemente, ela teve que viajar para o Paraná após ter sido acionada na Justiça. Um professor que caiu no golpe não acreditou na versão dela e resolveu processá-la. “Eu tive que gastar com passagem, hospedagem só para provar que eu não tenho nada a ver com o golpe”, explica. Segundo a professora, somente no Paraná, um levantamento da polícia aponta que há um prejuízo de mais de R$ 130 mil.