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Quarta-feira, 23 de Novembro de 2016, 10h:26 - A | A

Rodrigo Patrício Lima

Corpo de Bombeiros barra promoção de tenente acusada de perseguir aluno

A tenente Isadora Ledur seria elevada ao posto de capitão.

Reporter MT

O comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Júlio Cézar Rodrigues comunicou à imprensa, na tarde desta terça-feira (22), que a corporação decidiu suspender a promoção, a capitão, da tenente Izadora Ledur, acusada  de perseguir e torturar o aluno do curso de formação de soldados, Rodrigo Patrício Lima Claro, 21 anos, que morreu no dia 16 de novembro, após ficar em coma em virtude do treinamento conduzido pela oficial, na Lagoa Trevisan, em Várzea Grande.

A promoção da tenente ocorreria no dia 2 de dezembro, mas o comandante afirmou que a corporação decidiu esperar o resultado do Inquérito Policial Militar (IPM), que apura os fatos da morte do aluno.

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“A tenente Ledur é 1º tenente e já estava concluindo seu interstício à promoção por antiguidade ao posto de capitão bombeiro militar. O processo de promoção não estava concluído. A comissão de promoção de oficiais, que é quem processa todas as promoções na corporação, decidiu aguardar o resultado do Inquérito Policial Militar para poder proceder a promoção da tenente. Caso não vislumbre nada, ela não terá prejuízos porque passamos por ressarcimento de promoção. Mas por hora, a promoção da tenente está suspensa”, explicou o comandante geral.

Também pesou contra a tenente o fato de ela ter sido denunciada, no curso anterior, o 15º Curso de Formação de Soldado, realizado em 2015. À época, ela e um sargento da corporação foram acusados de praticar pressão psicológica e, inclusive, de obrigar os alunos a dormir no chão em meio a insetos e escorpiões durante o curso de formação. No entanto, por “falta de elementos informativos suficientes”, o juiz da 11ª Vara Especializada da Justiça Militar da Capital, Marcos Faleiros da Silva, arquivou o inquérito policial.

“Nós tivemos no último curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros realizado no ano de 2015, uma denúncia anônima no Ministério Público estadual, em que a tenente Izadora teria, em tese, feito pressão psicológica em seus alunos. À época, nós designamos um encarregado da situação e foi feita uma sindicância, na qual não foi apurada esta conduta por parte da tenente.

Não foi verificada nenhuma transgressão, nem crime, por parte da Izadora. O resultado deste procedimento foi encaminhado de volta ao Ministério Público e foi arquivado. Por isso a tenente não foi afastada de suas funções e continuou sendo instrutora no curso deste ano. Porque foi feita a apuração e verificado que não procedia, e diante disso, a denúncia foi ofertada”, explicou.

Rodrigues afirmou que caso fique comprovado algum tipo de excesso por parte da tenente, ela não comandará o curso de formação de soldados no próximo ano. “As denúncias foram apuradas e constatadas que a tenente não cometeu nenhum excesso. Daí a sua permanência no curso. Agora, no próximo curso que houver e se for verificado que neste curso houve excesso, aí é uma outra situação. Se for verificado que houve excesso provavelmente ela não participará do próximo curso de formação de soldados”, frisou.

Segundo ele a apuração pode constatar até na prisão da oficial. “A transgressão é punida com advertência até a prisão: advertência, repressão, detenção e prisão. Dependendo da gravidade do ato praticado pelo militar ele também pode ser submetido a conselho, aí entra um procedimento para verificar se ele tem ou não condições de permanecer na ativa. Mas esse é um procedimento que só ocorrer diante da materialidade de que um militar cometeu um desses atos, ou crime ou transgressão.”

Investigação 

Em decorrência das investigações, cinco oficiais e sete praças, que atuam na Diretoria de Ensino da Corporação, foram afastados até a conclusão do IPM. O coronel Bombeiro Alessandro Borges Ferreira, responsável pelo inquérito, espera concluir a investigação até no máximo 50 dias. 

 

Ferreira, garante que todos os 36 alunos da turma de Rodrigo serão ouvidos e que o objetivo é esclarecer todos os fatos que ocorreram durante o treinamento, não descartando inclusive a realização de reconstituição.

Relembre o caso

No dia 11 de novembro, Rodrigo queixou-se de dor de cabeça durante a realização das aulas, na Lagoa Trevisan, em Várzea Grande. O aluno realizava uma travessia a nado na lagoa e quando chegou à margem informou o instrutor que não conseguiria terminar a aula.

 

Em seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado e retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde e sofreu convulsões.

 

No dia em que passou mal, Rodrigo relatou à mãe sua angústia em participar das aulas práticas comandada pela tenente Isadora Ledur. Em uma das mensagens de WhatsApp, enviadas para a mãe ele disse que estava “meio que prometido” e a sua mãe disse que tudo seria “somente pressão”.

 

Na conversa por meio do aplicativo, Rodrigo afirma que a tenente Isadora estava "pegando em seu pé". “E hoje ela vai tá lá. Por isso fico com medo”, escreveu o rapaz, na mensagem.

 

Após o treinamento, Rodrigo voltou a conversar com a mãe. A última mensagem que Jane teve com o filho foi ao final do dia, antes de ser internado em coma. “Não consegui. Estou mal. Vou para a coordenação”, teria dito Rodrigo à mãe.

 

Depois disso, Jane só foi comunicada que Rodrigo tinha tido duas convulsões e que seria transferido para um hospital particular.

 

O rapaz ficou em coma até na madrugada de quarta-feira (16), quando foi confirmada sua morte.

 

Diante disso, a família do aluno acusa a tenente de tortura e aponta omissão de socorro da corporação em relação ao mal-estar que Rodrigo sentiu ainda na Lagoa Trevisan.

 

“No início da travessia, pelo que me foi passado pelos colegas, a menos de dez metros que ele estava nadando na lagoa para fazer a travessia, a tenente começou a afoga-lo, segurando na cintura dele e levando para o fundo da lagoa”, afirma Jane Patrícia, mãe de Rodrigo.

 

 

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