15 de Outubro de2024


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PVA 29 ANOS Sexta-feira, 04 de Março de 2016, 19:44 - A | A

Sexta-feira, 04 de Março de 2016, 19h:44 - A | A

Dr. Toninho Nogueira

Dr. Toninho Nogueira

‘Primavera – Com e sem Flores’

Elaine Sampaio

José Antônio de Castro Leite Nogueira, conhecido por Toninho Nogueira, sul-mato-grossense de Três Lagoas, advogado, casado há 34 anos com a pedagoga e também advogada Rosangela Queiroz Garcia Leite Nogueira, chegou a Primavera do Leste no ano de 1983, com a esposa e o filho mais velho, Bruno, à época com a idade de dois anos, através de um cunhado, José Fernando Barbosa, que residia na região desde a década de 1970 e exercia o cargo de vereador na vizinha cidade de Poxoréu.

Toninho veio para assumir a gerência de um armazém da CASEMAT – Cia. Armazéns e Silos de Mato Grosso, no início da gestão do então governador Júlio Campos. Na época, segundo narra, Primavera, ainda distrito de Poxoréu, possuía uma infraestrutura muito precária, sem asfalto, a energia elétrica era gerada através de dois grupos geradores da Cemat, que eram ligados às 8 horas e desligados às 22 horas. O acesso entre Rondonópolis e Primavera ainda era por chão e a rodovia BR-070, no trecho entre Primavera e Cuiabá, ainda não era asfaltada. “Para irmos a Cuiabá tínhamos, via de regra, de ir até Rondonópolis e, de lá, para Cuiabá”, conta.

Sua primeira residência foi na Avenida Rio de Janeiro, às margens da rodovia MT-130. No ano de 1986, mudou-se para o Bairro Castelândia. “Minha casa foi uma das primeiras do Bairro Castelândia”, comenta.

Para o hoje advogado, a questão familiar foi uma das maiores dificuldades enfrentadas desde que aqui chegou, pois, estando longe de seus familiares, a adaptação se tornou um pouco difícil, mas não o bastante para fazer com que a família desistisse. Apesar das saudades que sentiam, eles se apaixonaram rapidamente pela cidade. “Eu me lembro de que, antes de vir pra cá, eu fiquei mais ou menos seis meses na unidade de Rondonópolis, aguardando o final das obras do armazém daqui. Lembro-me também de que, quando o armazém finalmente ficou pronto, meu diretor à época, Dr. Francisco Libério, me fez a proposta de ficar trabalhando lá. Contudo, não tive dúvidas. Aqui era o lugar em que eu moraria. A ideia de morar em Primavera me fascinou, porque eu tinha o sonho de construir uma vida, de crescer com o lugar, e aqui, embora fosse ainda distrito de Poxoréu, era uma cidade que evidenciava grande perspectiva de futuro e a gente não tinha nada. Vim pra Mato Grosso em busca do sonho de um dia conquistar um padrão de vida mais digno, com qualidade de vida, em que eu pudesse oferecer um pouco mais de conforto pra minha família. E tudo isso, nós vimos aqui”, explica ele.

Embora fascinado, ele não esconde que, no início, foi tudo muito difícil, pois na Primavera daquela época não existia asfalto, água encanada e o único meio de comunicação era um posto telefônico na Avenida São João, com duas ou três cabines telefônicas, onde os moradores faziam contato com suas famílias distantes. Segundo Toninho, os serviços de Correios, delegacia de polícia, Banco do Brasil e Prefeitura, entre outros, eram feitos em Poxoréu. E a estrada de chão dificultava ainda mais o deslocamento. “Foram anos muito desafiadores. Em casa, por exemplo, a mulher enchia um varal de roupas e, duas horas depois, tinha de lavar novamente, por causa da poeira trazida pelo vento”, afirma.

Em 1988, após ter deixado o cargo na CASEMAT, Nogueira dá inicio à caminhada política em Primavera. É quando ele se lança à campanha ao cargo de vereador, elegendo-se com 152 votos. Em 1990, durante o primeiro mandato na Câmara Municipal, Toninho assume a chefia da Exatoria de Rendas de Primavera, na função de exator-chefe, cargo que deixaria em 1992 para candidatar-se novamente, reelegendo-se vereador, com 298 votos.

Neste mesmo ano, incentivado, segundo conta, pelo amigo José Roberto Patrício, Toninho presta o vestibular na antiga CESUR, em Rondonópolis, aprovando-se para o curso de Direito. Em 1998, após concluir o curso, vai advogar no escritório do amigo Dr. Mário Crema – a quem diz considerar um pai –, de onde saiu em 2001 para montar seu primeiro escritório de advocacia, na Avenida Porto Alegre. Toninho, a partir daí, se afastaria da política para dedicar-se à advocacia.

Em 2007, porém, é convidado pelo prefeito Getúlio Viana a fazer parte da sua equipe, assumindo a Secretaria de Educação, já que, além de sua graduação de Direito, também é formado no Magistério. Uma situação bastante inesperada, segundo ele, pelo motivo de não ter ligação política com o prefeito e sua equipe. Sua indicação havia sido feita através de um secretário da prefeitura à época, Jarbas Mesquita. “Embora tenha ficado apenas um ano na secretaria de Educação, pude realizar ações muito interessantes, como, por exemplo, um amplo programa de qualidade de vida, denominado à época ‘Bem-estar e Saúde na Educação’, implantado através de parceria com a SEDUC e que oferecia aos servidores das redes estadual e municipal atividades como yoga, hidroginástica, dança, futebol de salão, ginástica, enfim, uma série de atividades voltadas à melhoria da qualidade de vida.

Em 2008, já fora da secretaria de Educação, Toninho começa a compendiar fatos e passagens de sua vida na cidade para, em 2010, lançar um livro, intitulado ‘Primavera – Com e sem Flores – Crônicas Rasgadas do Cotidiano’. “São 31 crônicas em que conto fatos e passagens de minha vida em Primavera do Leste, narrados sob uma ótica despojada, mas extremamente comprometida com a realidade. Esse foi um projeto que me realizou sobremaneira”, comemora.  

Foi também em 2008 que o filho mais novo, Felipe Nogueira, à época com 22 anos, elegeu-se vereador, havendo sido o presidente da Câmara no último biênio daquela legislatura (2011-2012). Felipe, porém, concluiu o mandato e não quis dar continuidade à vida pública.

Segundo ele, Primavera foi o lugar onde conseguiu o que não tinha, onde pôde dar aos seus filhos qualidade de vida e formação. “Se precisasse voltar ao passado, eu faria tudo de novo. Foi aqui que consegui oferecer tudo de melhor para a minha família. Aqui pude me tornar um advogado respeitado, minha esposa, hoje, é pedagoga e advogada, formada aqui, mesmo, na cidade. Meu filho mais novo, Felipe Nogueira, é advogado, inscrito na OAB, também formado aqui, na antiga UNICEN, assim como o Bruno, que é bacharel em Direito, embora tenha cursado na Univag, em Várzea Grande.

Sou muito grato a Deus por ter me plantado aqui em Primavera. Tenho a convicção de que foi Deus quem me trouxe pra cá. Aqui conquistei respeito, colecionei amigos e conheci o Evangelho, podendo transmitir isso aos meus filhos, ao lado da minha esposa”, comenta.

 

Em sua opinião, Primavera do Leste é uma cidade que oferece qualidade de vida e muitas oportunidades para quem quer e gosta de trabalhar, mas é preciso mais investimentos em segurança pública, além de cursos para qualificar nossa mão de obra. “Hoje, boa parte da mão de obra empregada na indústria e no setor de prestação de serviços é importada de outras cidades. Isso, porque falta qualificação de nossa mão de obra”, disse. 

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