05 de Maio de2024


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ARTIGOS Quarta-feira, 03 de Abril de 2024, 07:00 - A | A

Quarta-feira, 03 de Abril de 2024, 07h:00 - A | A

Wilson Carlos Fuáh

Como é difícil envelhecer no Brasil

Em relação ao Brasil, pesquisa realizada pelo IBGE aponta que, atualmente, existem cerca de 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa, aproximadamente, 11% do total da população brasileira. E, em 2025, a estimativa é que o Brasil tenha aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, alcançando a sexta colocação no ranking mundial de países mais longevos. A expectativa é que, para cada grupo de 100 jovens menores de 15 anos, haverá mais de 50 adultos com 65 anos ou mais.        

O Brasil caminha para ser um país de idosos, havendo, portanto necessidade que se insira  nas grades curriculares dos “cursos elementares” a obrigatoriedade de se trabalhar conteúdos  sobre  a  cultura educativa em relação ao envelhecimento e o respeito aos mais velhos, de forma que estes sejam valorizados e possam receber o carinho ,a atenção  e reconhecimento de todos os membros da família bem como da sociedade .Os jovens precisam conhecer  as histórias daqueles que lhes deram o direito à vida e principalmente valorizar a sua origem e as suas raízes . Necessário se faz Conscientizarem de que a senescência   é um processo natural e imutável e que ninguém merece receber maus tratos e ingratidão, como forma de compensação pelo legado de coisas boas que deram e fizeram pelos seus familiares e pelo meio em que viveram.

No Brasil existem Leis que infelizmente não são respeitadas, por que ninguém cobra e Fiscaliza o cumprimento destas, vejamos:

Atendimento prioritário em repartições e serviços públicos, instituições bancárias e outros serviços (Lei nº 10.048/00), existe o direito, mas, quem fiscaliza?

Das penalidades para instituições financeiras – Lei 4.595 de 31/12/64; alguém já foi punido?

Ainda são crimes sujeitos à punição, a negligência, o desrespeito, as agressões físicas e verbais e a apropriação indébita dos rendimentos como pensão de pessoas idosas (Lei n° 5.478/68).

A aplicação dessas Leis deveria ser mais célere e prática onde qualquer cidadão ao observar uma situação de desrespeito aos direitos estabelecidos, pudesse exigir providências imediatas para os infratores do ato, inclusive com prisão em flagrante por ocasião da caracterização do fato.

Mas não é bem assim, o Idoso com todos os problemas de saúde, que lhes são peculiares, ainda terá numa situação dessas, que formalizar um processo com as devidas provas testemunhais, para que os tribunais possam um dia julgar, talvez antes da sua morte, pedindo ressarcimento do direito que lhes foi tirado durante os seus últimos dias de vida.

Estudos desenvolvidos pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), de São Paulo, demostraram uma proporção crescente, de acordo com o aumento da idade, de indivíduos que necessitavam de auxílio para realização de atividades simples do cotidiano, como ir da cama para o sofá, vestir-se, alimentar- se ou cuidar da própria higiene. De acordo com a pesquisa, 46% dos entrevistados com idades entre 65 e 69 anos necessitavam de auxílio para realizar tarefas. Já a partir dos 80 anos, apenas 15% não necessitavam de algum auxílio, enquanto 28% apresentavam grau de incapacidade total requerendo cuidados pessoais em tempo integral.

Não existe uma Lei mais Inconstitucional do que aquela que faculta aos Planos de Saúde explorar os idosos, (todos são iguais perante a Lei, será?), pois a cada aniversário, os nossos velhinhos recebem um presente de grego, mais ou menos assim: parabéns você mudou de faixa etária, mais um aumento progressivo e agressivo na sua mensalidade. O mesmo que sentenciar a eles: “neste país é proibido envelhecer e como você é teimoso, aguente o preço dessa resistência com uma mensalidade exorbitante, onde só a morte o livrará desse sacrifício”.

Existe também uma faixa mínima da população de idosos, que dispõe de altas rendas financeiras, advindas da boa aposentaria ou investimentos feitos no passado, e por isso, estão preparados para enfrentar os elevados custos econômicos, como: gastos com planos de saúde, remédios, cuidadores e tratamentos especializados E, essa pequena faixa da terceira idade, tem um envelhecimento sadio e agradável: frequentam teatro, viajam  , fazem turismo pelo país, ( fora das grandes temporadas e dos feriados)e sabem apreciar os sabores do jantar  fora e degustar um bom vinho regularmente, movimentam -se através da dança, da viagem mental através da leitura de bons livros e utilizam com relativa facilidade  o iPED/iPHONE  fazendo intensas  interações  através da internet, participando de cursos estudando música e línguas. Enfim eles fizeram investimentos para enfrentar uma velhice com dignidade sem esperar pela ação do Estado e/ ou compaixão da família.

Lembramos ainda que 90% da população idosa no Brasil sofrem com o abandono e a falta de atenção e carinho familiar, caracterizando o quanto é difícil envelhecer no Brasil.

 

*Wilson Carlos Fuáh é economista, especialista em recursos humanos e relações sociais e políticas em Mato Grosso

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