A polêmica sobre a desapropriação da área no Contorno Leste, anunciada pelo prefeito Abilio Brunini (PL), ganhou um contraponto nesta terça-feira (2). José Antônio Ribeiro Pinto, filho do proprietário João Pinto, que morreu no local no ano passado, criticou o tom da negociação com a prefeitura, classificando-a como "compulsória" e não um acordo.
O representante da família afirmou que, apesar do interesse da prefeitura em comprar a área para regularização fundiária das famílias invasoras, cerca de duas mil, a família não teve opção a não ser aceitar a desapropriação. (Assista ao final).
“Na verdade, foi uma conversa, foi uma comunicação, foi uma atitude compulsória. A gente não tem opção de escolha. Se ele resolve desapropriar, a gente só tem que aceitar,” declarou José Antônio.
Durante as declarações na Câmara Municipal de Cuiabá, José Antônio afirmou que o principal objetivo era de “restabelecer a verdade” e desmistificar a imagem da família como criadora de conflito ou especuladora imobiliária.
VALOR E NÃO PREÇO
José Antônio enfatizou que a questão não é financeira, mas sentimental. Ele se recusou a falar em valores para a indenização e reiterou que a família não deseja se desfazer da propriedade, que está em posse da família desde 1967.
“Não é valor. Não é dinheiro. Meu pai perdeu a vida na propriedade. Meu pai perdeu a vida, ele trabalhou a vida inteira naquela propriedade. Meu pai foi humilhado, massacrado, e perdeu a vida no dia do aniversário da minha mãe. Não é questão de dinheiro,” afirmou.
O filho do proprietário destacou o contexto da morte de João Pinto, ligando-a diretamente aos conflitos pela terra. Ele relata que 24 horas após a vistoria da CPI da Assembleia Legislativa sobre invasões de terra o pai foi morto. Apesar da especulação, ele preferiu não entrar em detalhes, alegando que o caso ainda está sob investigação
Ele afirmou que a família é “parte da solução” e que já havia doado uma área de 5,7 hectares, no lugar mais alto e livre de enchentes, para acolher as famílias vulneráveis, mas que a prefeitura “infelizmente, por motivos que eu desconheço, não aceitou essa doação.”
“A verdade é que a gente é parte da solução, a gente não é parte do conflito. Nós somos vítimas e queremos acolher essas famílias, mas com critérios. Critérios que o Estado nos orientou a tomar,” declarou.
José Antônio aproveitou o momento para fazer um apelo direto ao prefeito Abilio Brunini: “Prefeito Abílio, nós queremos fazer parte da solução. Queremos andar, caminhar com o senhor. Nós prezamos pela legalidade. [...] Meu pai perdeu a vida nessa espera. E o que a gente quer, prefeito? A gente quer andar de mãos dadas com o senhor. O senhor foi eleito com esse viés da legalidade. Queremos fazer parte disso.”
A propriedade rural teria sido invadida no dia 28 de fevereiro de 2023, após a construção da Avenida Contorno Leste, que passou por cima de parte do terreno da família.
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