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Mato Grosso Terça-feira, 26 de Outubro de 2021, 18:19 - A | A

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Mato Grosso

Violência Doméstica: projeto desenvolvido pelo Judiciário leva conscientização a agressores

O Poder Judiciário de Mato Grosso lançou nesta terça-feira (26), o projeto Ser Mais, que trabalha a conscientização de homens que respondem por...

Tribunal de Justiça de MT

O Poder Judiciário de Mato Grosso lançou nesta terça-feira (26), o projeto Ser Mais, que trabalha a conscientização de homens que respondem por crimes de violência doméstica contra mulheres, agressões tipificadas na Lei Maria da Penha (11.340/06). O projeto piloto está sendo desenvolvido pela Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Várzea Grande em parceria como Centro Universitário (Univag).
 
Com o lema “Ser mais homem, Ser mais consciente”, o projeto constitui um espaço de potencial transformação das percepções e comportamentos através do resgate da capacidade de diálogo, para a construção de relações saudáveis familiares e domésticas, pautadas no respeito e na equidade.
 
A presidente do TJMT, desembargadora Maria Helena Gargaglione Póvoas, que tem como uma das prioridades de gestão o combate a violência contra a mulher, acompanhou o lançamento, declarou estar entusiasmada com o projeto e que quer expandi-lo para todo Estado, além de apresenta-lo para outros estados em um congresso sobre o tema o qual irá participar. Ela lembrou que o Ser Mais é semelhante às rodas de conversas e compartilhamento desenvolvidas pelos grupos AA (Alcoólicos Anônimos) e NA (Narcóticos Anônimos).
 
“É semelhante ao AA e NA, programas que já demonstraram que, se realmente forem levados a sério, funcionam. Segundo os especialistas não há outro caminho que não seja o AA para a recuperação do alcoólatra. Estamos diante de um caso que guarda uma similitude. Essas rodas de compartilhamento têm essa intenção, de trocar experiência dolorosa de cada um, que é muitíssimo importante para a reflexão e para mudança”.
 
A desembargadora destacou que o Ser Mais fecha o ciclo de atendimento e acolhimento à mulher vítima de violência, seja física ou psicológica, pois trabalha para estancar a violência doméstica, fazendo com que o homem não repita mais as agressões. “Nós estamos em uma cruzada contra esse problema. Temos visto uma onda crescente de violência contra a mulher, situação que deixa a todos do Poder Judiciário angustiados. Com o Ser Mais estamos entrando no fato gerador do problema. Eu fiquei muito emocionada com esse projeto. Quero parabenizar todos e envolvidos”.
 
Ser Mais - O projeto funciona com os participantes sendo encaminhados pela Vara de Violência Doméstica para encontros semanais com uma equipe multidisciplinar do Univag, composta por médicos, advogados, psicólogos, assistentes sociais e acadêmicos dos cursos correlatos do Centro Universitário. O objetivo é reduzir ou fazer com que não ocorra reincidência do comportamento agressivo dos participantes, cessando a prática da violência doméstica.
 
Neste primeiro momento, 10 homens participam projeto, que consiste em seis encontros, desse total, tres já foram realizadas. Os encontros se dão por meio de oficinas reflexivas, rodas de conversa e palestras, seguidas de debates com profissionais especializados em assuntos de interesse do grupo.
 
“O primeiro encontro foi muito estranho. Aquela pergunta: ‘o que eu estou fazendo aqui?’”, confessa um dos participantes, Augusto (nome fictício). “Na primeira sessão achei um tédio, mas da segunda em diante já comecei a me envolver mais, os homens começaram a falar mais, compartilhar sua vivência, fomos recebendo informações. A terceira sessão já foi espetacular, com informações jurídicas, direitos, deveres. Todos já se sentem a vontade agora”.
 
Augusto destacou a importância de trabalhar a reflexão sobre o comportamento de cada um. “Na correria do dia a dia, do trabalho, não há tempo para parar e refletir sobre a vida, sobre as situações que vivemos. E o projeto está me proporcionando isso, essa reflexão, escutar, compartilhar vivências. Para mim está sendo excepcional. É necessário expandir esse projeto para todo Estado”.
 
A coordenadora do projeto, juíza Glenda Moreira Borges conta que a ideia é que o Ser Mais seja expandido até que a participação dos homens aconteça de forma voluntária. “A ideia é expandir de uma forma que sejam criados grupos voluntários, porque hoje a presença é imposta nas decisões judiciais. A receptividade dos homens tem sido excepcional. Queremos fazer grupos reflexivos voluntários. As reuniões são o único momento que eles têm para refletir, para reverem suas atitudes, pensarem e aprenderem com a experiência do outro e com suas próprias”.
 
O reitor do Centro Universitário Univag, Drauzio Antônio Medeiros, ressaltou a necessidade do projeto e parabenizou o Poder Judiciário de Mato Grosso pela iniciativa. “É um privilégio estar abrindo as portas, mais uma vez, para um convênio com o Judiciário. Entendemos este projeto como extremamente importante para todos aqueles que venham a sofrer ou provocar este tipo de violência. É importantíssimo o atendimento à mãe, à criança, à família que é vítima, mas é importante a orientação ao agressor, para que a ação não seja repetida, que ele não dê continuidade a esse comportamento. Eu parabenizo o Poder Judiciário por esse trabalho”.
 
O lançamento, realizado na sede do Univag, contou com a presença da juíza da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar da Comarca de Cuiabá, Ana Graziela Vaz de Campos Corrêa - que no evento esteve representando a presidente da Coordenadoria Estadual da Mulher (Cemulher), desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, da primeira dama do município de Várzea Grande e promotora de Justiça, Kika Dôrileo Kalil, da secretaria de Assistência Social de Várzea Grande, Ana Cristina Vieira. Além de representantes do Ministério Público Estadual (MPE), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de coordenadores e professores dos cursos de Direito, Assistência Social e Psicologia do Univag.
 
Quebre o Cícleo  - A desembargadora Maria Helena Gargaglione Póvoas lançou no início deste ano a campanha Quebre o Ciclo, de combate à violência contra a mulher, que promove ações como campanha de comunicação, implantação da Ouvidoria da Mulher no Poder Judiciário, criação da Medida Protetiva On-line e do aplicativo SOS Mulher-Botão do Pânico.
 
 
Angela Jordão
Coordenadoria de Comunicação do TJTM
 
 

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