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NOTÍCIAS DE CAMPO VERDE Quinta-feira, 21 de Novembro de 2019, 09:16 - A | A

Quinta-feira, 21 de Novembro de 2019, 09h:16 - A | A

CIDADE

Trabalhadores da coleta de lixo revelam que são maltratados por crianças

A falta de educação e tratamento ruim por parte de algumas pessoas, já é tema de doutorado.

Paulo Pietro
Campo Verde

Uma situação relatada por profissionais da limpeza pública municipal nesta semana, depois de um fato que gerou várias discussões nas redes sociais de Campo Verde, chamou atenção da população, tanto que a própria assessoria de imprensa da prefeitura se manifestou quanto fato.

 

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Além da invisibilidade que já foi relatada por diversos artigos, em nível nacional, a perseguição e hostilização de crianças, agora no município está sendo alvo de reclamações.

 

Segundo o release da assessoria, quando o caminhão da coleta passa por determinados bairros da cidade, as crianças vão ao encontro pedindo brinquedos. Ao serem informadas que não têm, elas reagem com xingamentos e outras atitudes violentas. “Nos chamam de ratos de esgotos, de fedidos e muitas vezes atiram pedras contra a gente”, contou um dos profissionais da cidade.

 

Já pensou se além de muitas pessoas agissem como se sua profissão fosse imperceptível, você ainda sofresse perseguição devido ao seu trabalho ? Para profissionais de diversas áreas, essa sensação se faz presente o tempo quase todo. Mesmo desempenhando funções essenciais, como varrer as ruas, sepultar pessoas ou coletar materiais recicláveis, muitos trabalhadores são simplesmente ignorados pela maioria das pessoas. Ou até mesmo humilhados.

 

Os catadores, por exemplo, são responsáveis por quase 90% do lixo reciclado no Brasil, segundo o Ipea. Mas poucas pessoas lembram desse tipo de informação quando se fala nesses trabalhadores.

 

Da mesma forma, imagine por um momento o caos que ficaria a cidade sem os serviços prestados por garis, faxineiros, sepultadores, porteiros e tantos outros profissionais que parecem invisíveis para muitos.

 

Essa preocupação também passou pelo secretário de obras da cidade, Fabiano Teruel, pasta que coordenada o serviço de coleta de lixo – essa situação não devia ocorrer. “Esse pessoal faz um serviço da maior importância e não deveria ser tratado dessa maneira. Pedimos aos pais dessas crianças que as orientem para não agir dessa maneira, que respeitem os coletores”, disse o secretário.

 

Segundo um artigo do observatório do terceiro setor, escrito pelo jornalista Caio Lencioni ainda em 2018, o tema da invisibilidade de certos profissionais inspirou até uma tese de doutorado em Psicologia Social. Durante dez anos, o pesquisador Fernando Braga da Costa se vestiu de gari ao menos uma vez por semana para vivenciar o dia a dia da profissão e conversar com quem depende dela para sobreviver. E entre as muitas constatações que fez está a de que, apenas por colocar a roupa de gari, ele se tornava quase automaticamente invisível. Muitos colegas e professores que conviviam com ele na Universidade de São Paulo (USP), ao verem-no vestido de gari varrendo as ruas da própria universidade já não o reconheciam.

 

“Essa invisibilidade é uma expressão construída historicamente a partir de dois fenômenos psicossociais: a humilhação social e a reificação (transformação em coisa)”, aponta Costa.

 

No artigo que pode ser lido por completo no endereço: https://observatorio3setor.org.br/carrossel/profissoes-invisiveis-como-e-nao-ser-enxergado-pela-sociedade/ vários profissionais relatam situações humilhantes, que fizeram com suas vidas fossem piores, ou até mesmo que pensassem em reagir em algum momento de forma áspera, devolvendo o mesmo desprezo, do qual sentiam na pele.

 

Além de tudo que foi relatado, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (CAGED), disponibilizados no site salário.com.br, a média salarial do trabalho de gari no Brasil, que tem uma jornada de trabalho de 44 horas semanais, é de R$ 1.117,54.

 

O problema é mesmo de educação, e segundo o que foi relatado pelos garis, até mesmo por parte de responsáveis, então um trabalho de conscientização deve ser realizado, até mesmo para que as pessoas saibam da importância do trabalho prestado por esses trabalhadores.  

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