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NOTÍCIAS DE CAMPO VERDE Terça-feira, 04 de Agosto de 2015, 19:28 - A | A

Terça-feira, 04 de Agosto de 2015, 19h:28 - A | A

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Agrotóxicos nas lavouras de MT foi debatido em Campo Verde

Participantes lotam sala de Audiência Pública para debater tema polêmico

Stephanie Freitas

Dezenas de pessoas participaram da Audiência Pública realizada na manhã desta terça-feira (4) no Fórum de Campo Verde, que abriu espaço para discussões sobre a utilização de agrotóxicos nas lavouras mato-grossenses. O debate, incentivado pelo Comitê Multi-Institucional que reúne órgãos do Judiciário, Ministério Público e do Governo do Estado, foi o primeiro de uma série de audiências que serão realizadas nas diferentes regiões de Mato Grosso onde o agrotóxico é largamente utilizado na agricultura.

Diversas autoridades estiverem presentes, entre eles a vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso, desembargadora Maria Beatriz Theodoro, o desembargador Márcio Vidal, a juíza diretora do Fórum de Campo Verde Maria Lúcia Prati, o procurador do trabalho Leomar Daroncho e o procurador de justiça Luiz Alberto Esteves Scaloppe. Também participaram das discussões, Vereadores de Campo Verde, representantes de sindicatos e entidades como Aprosoja e Embrapa, professores, produtores rurais, empresários, técnicos e especialistas da área, além de vários cidadãos campo-verdenses.

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“A utilização de agrotóxicos é um tema que requer conhecimentos amplos e não pode ser tratado com ‘achismos’. É preciso socializar dados e pesquisas que possibilitem ampliar conhecimentos”, destacou inicialmente o desembargador Márcio Vidal.

Em sua fala, o procurador do trabalho Leomar Daroncho trouxe algumas informações sobre a utilização de agrotóxicos e as consequências dessa aplicação. “No ano passado, o faturamento de agrotóxicos no Brasil chegou a R$ 12 bilhões. Somente em Campo Verde, os herbicidas, inseticidas e fungicidas aplicados na lavoura equivalem ao consumo aproximado de 400 litros de veneno por habitante. Estive em contato com a coordenação do Hospital Municipal e recebi a informação de que aqui ocorrem muitos abortos, partos precoces e crianças que nascem com malformação. Tais acontecimentos podem estar relacionados com a contaminação. Todos são vítimas, tanto os produtores rurais, como os trabalhadores e a população. Acredito que o problema é a falta de conhecimento, por isso a importância de se criar canais de comunicação”, enfatizou o procurador.

O professor doutor, Wanderlei Pignati, que faz pesquisas sobre os impactos dos agrotóxicos há quinze anos, criticou o uso indiscriminado dos defensivos. “Em todas as etapas ao agronegócio, o agrotóxico está presente. Existem leis municipais, estaduais e nacionais que regulamentam e buscam evitar os efeitos nocivos na saúde da população e no meio ambiente. Entretanto, muitos não respeitam, o que acaba causando intoxicação aguda, câncer e malformações. É preciso aderir a alternativas agroecológicas, como já foi feito em países da União Europeia”, explicou o pesquisador. 

Biólogo e morador de Campo Verde há 30 anos, Renato Adam Júnior acredita que o problema está ligado a questão econômica. “É claro que não podemos generalizar, mas alguns produtores tentam economizar onde não devem e causam problemas. Utilizam produtos-piratas, não investem em mão-de-obra qualificada e em equipamentos corretos. Sou muito a favor da produtividade, temos que agradecer aos produtores por terem desbravado o município, mas é preciso fazer uma produção com responsabilidade”, enfatizou.

Por outro lado, o engenheiro agrônomo Walter Valverde defendeu a utilização dos agrotóxicos como uma ferramenta para garantir a produção. “Não há motivos para o uso indiscriminado dos defensivos, até porque têm altos custos para o produtor. Os riscos da utilização são calculados. Os produtos não são utilizados aleatoriamente, precisam do aval do Ibama, da Anvisa e do Ministério da Agricultura. Existem muitos investimentos em treinamentos e equipamentos que diminuem a contaminação, além de pesquisas que buscam o produto ideal, com eficiência, segurança, baixa toxidade e com rentabilidade”, informou o engenheiro agrônomo.

Produtor rural e morador de Campo Verde há 26 anos, Alexandre Pedro Schenkel destacou a importância destes eventos. “Precisamos nos informar e discutir para saber se realmente estamos fazendo algo de errado, porque podemos estar sendo vítimas. Mas o problema é que temos poucos dados técnicos da ligação do agrotóxico com doenças e não podemos ficar com ‘achismos    ‘ e ‘sensacionalismos’. Nós temos feito tudo conforme as determinações legais. É muito complicado colocar os produtores, empresários, aviações e as outras pessoas ligadas a área como vilões”, ponderou o produtor.

No mesmo sentido, a produtora rural Roseli Muniz Giachini, que veio do município de Cláudia especificamente para participar da Audiência Pública, falou sobre a falta de dados com embasamento. “Somos nós que pagamos a conta, não queremos utilizar produtos defensivos de forma indiscriminada. E claro que também nos preocupamos com o meio ambiente. Mais de 50% da nossa soja é exportada para a União Europeia, onde passam por avaliações e não há restrições quanto aos nossos grãos”, salientou Roseli que também é delegada regional da Aprosoja.

 

Durante mais de quatro horas, os participantes puderam expor seu ponto de vista e mostraram como o assunto é polêmico.

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